“Ele alegava que os toques eram normais”, diz vítima de abuso do massoterapeuta preso
Uma das mulheres que denunciou o massoterapeuta afirmou que ele se justificava e pedia desculpas após os procedimentos
Wagner Luan
“Ele não se conformava com o fato de eu reclamar dos toques e dizer que eram invasivos. Alegava que os toques eram normais”, declarou uma das vítimas do profissional, preso preventivamente em Artur Nogueira, acusado de abusar de pacientes durante as sessões.
Em entrevista ao Portal ON, a vítima, uma técnica de enfermagem de 38 anos, relatou que, ao reclamar do que considerava “toques lascivos”, o profissional teria reagido: “Ele disse que, como eu era da área da saúde, sabia que não havia nada de errado nos toques. Mas eu respondi que o que ele fazia era errado e que não era massagem”, relatou a mulher.
Segundo a vítima, o massoterapeuta entrou em contato com ela pelo Facebook, dizendo que ela havia ganhado uma massagem. Sem desconfiar de nada, ela agendou o procedimento, que ocorreu em abril deste ano. Inicialmente, a sessão começou de forma corriqueira, mas depois tomou um rumo atípico. “Quando cheguei, a esposa dele me recebeu, e parecia tudo normal. Ele começou massageando os pés e as pernas, mas, em determinado momento, pediu para eu esticar os braços e, enquanto fazia a massagem, roçava o pênis na minha mão. Ele perguntava se estava bom, se eu estava gostando”, revelou.
Ignorando o desconforto da mulher, o profissional continuou, e os abusos se agravaram. “Depois, ele começou a fazer massagem na minha barriga, desceu para a minha virilha e, em seguida, começou a massagear minha vagina. Foi quando eu disse que aquilo era muito invasivo, que não estava gostando, pedi para ele parar e fui embora”, completou.
A vítima relatou ainda que, após o ocorrido, o profissional ligou para pedir desculpas, justificando que o procedimento era normal. “Ele dizia que, por eu ser da área da saúde, eu sabia que os toques eram normais, mas eu reafirmei que não, que achava aquilo invasivo”, contou a mulher.
Durante a conversa, o homem insistiu nas desculpas e chegou a oferecer outra sessão para “tirar a má impressão”. Ao retornar, ela foi novamente recebida pela esposa do massoterapeuta, que afirmou que os toques eram parte do procedimento. Contudo, o padrão se repetiu. “Ele começou massageando os pés, as pernas e a barriga, mas, novamente, passou a roçar o pênis em mim e a colocar as mãos onde não devia. Então, pedi que ele parasse, vesti minha roupa e fui embora”, relatou.
Segundo a vítima, o homem continuou enviando mensagens para se justificar. “Ele dizia que não se conformava por eu achar os toques invasivos, porque, segundo ele, eu sabia que eram normais. Mas eu sempre respondia que não, que aquilo era invasivo e que eu não tinha gostado”, afirmou.
Questionada sobre o motivo de não ter feito a denúncia imediatamente, a mulher explicou: “Eu fiquei muito assustada, me senti abusada, mas fiquei receosa de denunciar naquele momento. No entanto, ao conversar com algumas amigas e contar o que aconteceu, elas disseram que também tinham passado pela mesma situação.”
Por fim, a mulher pede justiça e encoraja outras vítimas a procurar a polícia. “Ele tem que pagar. Não existe justificativa para usar a profissão para abusar de pessoas em momentos de vulnerabilidade. Quem sofreu abuso deve, sim, denunciar. Estamos nos fortalecendo e apoiando umas às outras”, concluiu.
As vítimas do massoterapeuta criaram um grupo para se apoiar e incentivar outras mulheres a fazerem a denúncia.
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