“Eu fiquei totalmente paralisada”, diz primeira mulher a denunciar abusos de massoterapeuta de Artur Nogueira

Wagner Luan 

“Eu fiquei totalmente paralisada. Não conseguia reagir. Só queria sair dali o mais rápido possível” Essa é a fala da primeira mulher que teve coragem de procurar a Polícia Civil e denunciar que havia sido abusada por um massoterapeuta que atendia no bairro Jardim Blumenau, em Artur Nogueira. A partir de sua denúncia, outras vítimas surgiram, e as autoridades iniciaram uma investigação.

O massoterapeuta Moacir Gulin Filho foi preso preventivamente na quinta-feira (05), no local onde realizava seus atendimentos. Aos policiais, ele negou as acusações de abuso.

Em entrevista ao Portal ON, uma jovem de 20 anos relatou como os abusos ocorreram, por que não conseguiu reagir e o que espera das autoridades. Ela também encorajou outras vítimas a procurarem ajuda e denunciarem casos semelhantes.

A abordagem

De acordo com a vítima, a primeira abordagem a convidando para o atendimento ocorreu em seu local de trabalho, mas, devido aos horários, ela não pôde aceitar a oferta. Posteriormente, ao trocar de emprego, o homem tornou-se cliente da clínica onde ela trabalhava.
“Eu trabalhava como recepcionista em um estabelecimento e, toda vez que ele ia lá, oferecia massagens, dizia que eu estava muito tensa e me incentivava a conhecer o trabalho dele”, relatou a jovem.

A vítima contou que decidiu fazer uma sessão de massagem e logo estranhou alguns toques. “Questionei os toques nos meus seios e na virilha, mas ele dizia para eu ficar tranquila, que aquilo era normal”, afirmou.

Na segunda sessão, os abusos se intensificaram. “Assim que começou, ele pegou nos meus seios. Falei para ele parar porque achei estranho. Ele pediu desculpas, mandou que eu me deitasse de costas e começou a massagear minhas costas”, relatou.

No entanto, o comportamento do massoterapeuta se tornou ainda mais inadequado. “A cada toque, parecia que ele estava tendo um orgasmo. Ele tentava tocar meus seios e minha bunda, mas eu afastava suas mãos. Até que, em um momento, ele passou a mão dentro da minha calcinha e ainda fez sexo oral”, disse a vítima.

O choque

A jovem ficou em estado de choque. “Quando ele fez isso, fiquei totalmente paralisada. Não conseguia reagir. Só pensava em sair dali o mais rápido possível”, desabafou.

Segundo ela, o fato de estar vulnerável e sozinha aumentou sua sensação de insegurança. “Eu estava sozinha com ele e não sabia como ele reagiria se eu gritasse. É uma sensação que só quem passa entende”, explicou.

Ao perceber que a jovem estava chorando, o homem pediu desculpas. “Ele teve a audácia de dizer que aquilo era inevitável porque estávamos sozinhos na sala”, relatou.

A denúncia

Após o ocorrido, a jovem procurou apoio da mãe e foi à Delegacia da cidade para denunciar o crime. “Contei tudo para minha mãe, e ela me apoiou. Foi comigo à delegacia e permaneceu ao meu lado o tempo todo”, contou.

A jovem elogiou o trabalho da polícia. “Desde o início, fui muito bem tratada e acolhida. Isso foi fundamental para que eu me sentisse segura em fazer a denúncia.”

Ela passou por exames no Instituto Médico Legal (IML), e os resultados devem sair em breve.

Outras vítimas

No dia seguinte, sua chefe percebeu que ela estava abalada e fez uma revelação. “Minha chefe percebeu meu estado e, quando contei o que tinha acontecido, ela disse que eu não era a única. Outras mulheres já haviam sido vítimas dele, inclusive ela, mas não tiveram coragem de denunciar”, disse.

Com essa informação, as vítimas começaram a se organizar e entrar em contato com outras mulheres que também haviam sofrido abusos.

Até o momento, cerca de 10 mulheres já denunciaram o massoterapeuta, mas a polícia acredita que o número de vítimas pode ser ainda maior.