Campinas 248 anos: Metrópole que norteia a RMC
Cidade de Carlos Gomes, Luciano Do Valle, foi a terceira no mundo a receber o telefone e é o maior polo tecnológico do Brasil

Imagem: Unicamp
Henrique Oliveira
Um emaranhado de estradas, rodovias, avenidas nos levam e nos deixam de Campinas. A metrópole que hoje faz 248 anos, vive de transformações, de cultura, arte, importante cenário político e norteia as cidades que a circundam.
Em toda sua história, Campinas sempre foi protagonista dos momentos mais importantes da história do país. Deu ao Brasil um presidente, leva tecnologia ao mundo, economicamente rentável e sempre teve como princípios ser expoente da educação.
Voltando ao século 18, Campinas era apenas um lugar de passagem de tropeiros. Àqueles que iam buscar riquezas nos confins do Brasil, tinham as terras, ainda virgens, de Campinas um lugar para descanso. Ainda como vila de Jundiaí, Campinas que à época era um local com mata fechada, começou a chamar atenção do então quase findado império brasileiro. Ainda em 1767, o local onde está a metrópole, tinha o tímido número de 185 pessoas morando naquilo que chamavam de Freguesia.
Já na segunda metade do século 18, começaram a chegar fazendeiros de cidades como Itu, Porto Feliz e Taubaté para instalar seus engenhos, grandes latifúndios e também o café, que viria a ser o principal produto que geraria divisas à Campinas.
A partir daí, ela já tinha sua importância. Mudou de nome por várias vezes, como Nossa Senhora da Conceição de Campinas do Mato Grosso, Vila de São Carlos… e em 1842, aí sim, teve seu nome como Campinas.
Infelizmente nem tudo ‘são flores’ na história de Campinas. Ainda no século 18 e no início do século 19, Campinas recebeu um grande contingente de pessoas escravizadas que trabalhavam no plantio e colheita do café. E ainda leva consigo a ser a última cidade a abolir a escravidão após a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel.
Campinas viria a se desenvolver como polo industrial, embora este termo ainda não fosse utilizado, a partir do século 20. Com a crise do café, nos meados de 1929 – quebra da bolsa de Nova Iorque – a agricultura deu lugar à fábricas com o então prefeito Prestes Maia.
A cidade, em 1930, começou a receber fábricas, agroindústrias e contar com grandes avenidas e rodovias, como é o caso da Anhanguera, que chegou a cidade, vindo da capital, em 1948.
Com a onda migratória, Campinas se viu no dever de implantar bairros ao lado dos grandes polos fabris. Porém, estes locais não haviam infraestrutura, condições que foram implantadas a partir dos anos de 1950 até o final de 1990.
Assim, a partir dos anos de 1970, a cidade chegou a crescer, em seu território, cerca de 15 vezes. E sua população, vinda de todos os estados brasileiros, cerca de 5 vezes. A maior onda migratória de sua história.
A cidade, hoje, tem cerca de 900 quilômetros quadrados de extensão. E ultrapassa 1 milhão de habitantes, somente em seu território. Em sua égide, a metrópole – que recebeu este título somente em 2021 – tem mais de 3 milhões de habitantes nas 19 cidades que compõe a Região Metropolitana de Campinas.
Ciência
A vocação de Campinas para a ciência remonta ao início do século 19. A cidade foi a terceira do mundo a receber o telefone. Chicago (EUA) e Rio de Janeiro foram as primeiras em 1886. 57 aparelhos foram instalados em Campinas da invenção de Alexsander Graham Bell.
Fundada em 1962, a Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, é um dos mais importantes centros de pesquisas do Brasil. Ela foi criada para, além da graduação, realizar pesquisas e metade de seus alunos cursam pós-graduação, mestrado e doutorado.
Campinas também é casa dos maiores centros de pesquisas do Brasil, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Centro de Tecnologia da Informação Renato Ascher (CTI), Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), entre outros.
Mais de 15% de toda a produção tecnológica brasileira tem Campinas como início.
Ilustres
Embora o campineiro seja considerado hospitaleiro e receptivo, Campinas possui diversas pessoas que se destacaram em suas áreas. Tanto na música, política, artes…
O campineiro mais ilustre, com seu nome cravado em várias partes da cidade, é o maestro Carlos Gomes (1836 – 1896). O músico foi o compositor da ópera ‘O Guarani’ que levou ao mundo a música clássica ‘tupiniquim’. Seu corpo está enterrado no centro da cidade em um mausoléu com uma estátua.
Já na política, Manuel Ferraz de Campos Sales (1841-1913) foi o terceiro presidente do Brasil. Campos Sales, advogado e fazendeiro paulista, representava a elite cafeeira do estado. Entrou na presidência em um momento que a República estava consolidada, porém, o Brasil estava com dívidas externas ainda pela independência de Portugal e pela queda dos valores do café.
Embora não tenha nascido em Campinas, o campineiro se orgulha em dizer que Santos Dummont, o inventor do avião, morou na cidade. Recém criada, a escola Culto à Ciência foi cenário da vida escolar da ainda criança Alberto Santos Dummont. Sua ficha escolar ainda permanece na escola mais tradicional de Campinas onde o pequeno estudou dos 10 aos 12 anos de idade. Santos Dummont, mineiro, morreu na cidade paulista do Guarujá.
Mas, os nomes ilustres de Campinas também estão nas artes. Além do compositor Carlos Gomes, a atriz Cláudia Raia e Gabriela Duarte são nascidas em Campinas. Além dos jornalistas Júlio de Mesquita (fundador do jornal O Estado de São Paulo) e Luciano do Valle, cronista e narrador esportivo.
Os cantores Sandy e Junior, irmãos filhos do cantor sertanejo Xororó, também são campineiros. Moraram por muitos anos na cidade, onde estudaram em colégios que até série virou na TV Globo.
Poeta, e muito querido pelo povo campineiro, Guilherme de Almeida também nasceu na cidade. Além dos esportistas Luis Fabiano (ex-São Paulo e Ponte Preta) e a atleta olímpica Fabiana Murer.
Imagens: Prefeitura de Campinas e Unicamp
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