08/05/2025

Justiça torna réu trio de envolvidos na morte de Roberta Correa

Denúncia da Promotoria de Cosmópolis a dentista, biomédica e esteticista considerou manejo ilegal de anestésico e falta de competência de profissionais

Da redação

A Justiça acatou nesta quarta-feira (07) a denúncia do Ministério Público contra uma biomédica, uma esteticista e um dentista envolvidos na morte da fotógrafa Roberta Correa, em outubro de 2023, após a realização de um procedimento estético de “endolaser” em uma clínica particular de Cosmópolis.

Roberta teve complicações após receber anestesia de uma das profissionais. A biomédica Vanusa Aguilar Takata e a esteticista Isabela Dourado Fernandes foram denunciadas por homicídio doloso duplamente qualificado, com dolo eventual. O dentista Heliton José Oliveira, responsável por fornecer o anestésico às profissionais, também foi denunciado.

Como divulgado pelo G1, a promotora Aline Moraes, que tornou réu o trio, explica que “não é que elas tinham vontade direta de matar, mas assumiram o risco de produzir o resultado morte. […] O laudo do IML [Instituto Médico Legal], bem como o laudo realizado pelo Centro de Apoio do Ministério Público, são claros em afirmar que, diante da falta de habilidade, de competência e de permissão legal para que elas se realizassem o procedimento, que é cirúrgico, apesar de minimamente invasivo, elas assumiram o risco de causar o resultado morte”.

Segundo a promotora, o dentista foi denunciado como partícipe do crime porque “concorre de algum modo para a ocorrência da morte. Qual é o modo? A venda de anestésico, e a venda é ilegal, porque como a Vanusa e Isabela não podiam comprar diretamente o anestésico, ele revendia, fornecia esses anestésicos”, declarou.

A promotora afirmou ainda que “os médicos são uníssonos em afirmar que o socorro teria salvado a vida da Roberta, mas as duas, que se anestesiam e se se dispõe a fazer aquele tipo de procedimento, deveriam ter noção básica de procedimento de socorros, [mas] não tinham. Tanto que elas se limitaram a segurar Roberta, prolongando o sofrimento da Roberta, o que o Ministério Público entende como meio cruel na execução do homicídio”.

De acordo com nota do Ministério Público de São Paulo (MP/SP), “a clínica não possuía autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para funcionar, o que impedia a aquisição de anestésicos. Esses foram fornecidos ilegalmente pelo homem denunciado [o dentista], que concorreu para o resultado morte”.

O espaço havia sido lacrado pela Prefeitura de Cosmópolis em outubro de 2023, após a Vigilância Sanitária constatar ausência de autorização e liberação sanitária. Leia abaixo a nota oficial da Administração:

“A Prefeitura de Cosmópolis informa que a Vigilância Sanitária, no uso de suas atribuições legal, em especial do poder de polícia administrativa, procede a Lacração do estabelecimento, considerando os fatos ocorridos que chegou ao conhecimento deste departamento por meio da repercussão pública.

Em consulta que vinham sendo realizados neste estabelecimento comercial, razão pela qual ratifica-se a lacração até que sejam apuradas e sanadas as irregularidades constatadas”.

Além da denúncia, o documento da Promotoria de Cosmópolis solicita à Justiça que a licença para o exercício da profissão das denunciadas seja suspensa de forma imediata, além de requerer o confisco de passaportes, após denúncia de que uma delas planejava sair do país.

A Promotoria também pediu a prisão preventiva da esteticista Isabela, como explicou Moraes. “É lamentável, mas a Isabela continua atuando, o Instagram dela é aberto, é público e ela realiza o procedimento endolaser, que ela não pode realizar. Ela realiza procedimentos invasivos de todo tipo, de modo que o Ministério Público pediu a prisão preventiva dela, a qual no momento ainda não foi decretado, mas a pedido, pois o Ministério Público entende que é o caso”.


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