25/03/2025

Primeira quarentena da COVID-19 em Cosmópolis completa cinco anos

Em março de 2020, população cosmopolense iniciava um isolamento que, a princípio, duraria apenas 15 dias para conter o avanço de uma doença que, nos anos seguintes, tiraria a vida de muitas pessoas

Raquel Santana

Em 24 de março de 2020, um decreto assinado pelo ex-prefeito José Pivatto determinou que a população cosmopolense entrasse em regime de quarentena por 15 dias. Na mídia, o surto de um novo vírus assustava o Brasil e o mundo, especialmente pela incerteza sobre o que aquilo poderia representar para a humanidade. O decreto estabelecia, então, o isolamento e a reclusão dos moradores, com previsão de retorno às atividades normais em 7 de abril, o que não pôde acontecer.

“Deverão permanecer fechadas todas as lojas da cidade com atendimento presencial, incluindo bares, restaurantes, cafés e lanchonetes. Estes estabelecimentos poderão realizar vendas online ou por delivery”, determinou o ex-prefeito Pivatto.

Se não fossem serviços essenciais – como hospitais, clínicas médicas, farmácias, supermercados, postos de gasolina, empresas de segurança e limpeza – nada poderia abrir as portas. Os estabelecimentos autorizados a funcionar precisavam seguir uma série de regras sanitárias, como a higienização de todos os ambientes com álcool 70% e água sanitária, a disponibilização de frascos de álcool em gel para funcionários e clientes, além da limpeza de pisos, paredes e banheiros a cada três horas.

FOTO: Portal ON

As temidas máscaras vieram depois. Em 7 de maio de 2020, a obrigatoriedade de seu uso foi decretada pelo ex-governador de São Paulo, João Doria. Quem descumprisse a norma poderia ser multado em valores entre R$ 276 e R$ 276 mil.

Não demorou para que a população entrasse em estado de alerta. Em Cosmópolis, por exemplo, a falta de máscaras e álcool em gel já era uma realidade muito antes da obrigatoriedade do uso e até mesmo da quarentena. Uma reportagem do Portal ON, publicada em 15 de março de 2020, evidenciou a escassez dos dois produtos em farmácias do município.

“Nas farmácias de plantão de Cosmópolis não se encontram nem máscaras nem frascos de álcool em gel. Em uma das farmácias do centro da cidade, o funcionário informou que, só neste final de semana, mais de 50 pessoas procuraram pelos produtos no estabelecimento. ‘Tem pessoas que estão comprando pacotes fechados de máscaras (com 50 unidades)’, disse o balconista.

Em outra drogaria, a subgerente relatou que, há dois dias, os produtos não são repostos pela rede. Ela afirmou que, em um único dia desta semana, 60 frascos de álcool em gel, de diversos tamanhos, foram vendidos. Além disso, nenhuma das unidades da região possuía estoque desses produtos”.

FOTO: Portal ON

A pandemia de COVID-19 foi devastadora. Logo, a incerteza inicial deu lugar à certeza de que a situação era grave e não poderia ser ignorada. Em 28 de maio de 2020, Cosmópolis registrou sua primeira morte pela doença: um homem de 85 anos. Sete meses depois, em dezembro de 2020, a cidade já somava 56 óbitos, e o número continuou a subir, ultrapassando 180 mortes entre os anos de 2020, 2021 e 2022.

Empresas fecharam, trabalhadores perderam seus empregos, estudantes abandonaram faculdades, e muitos viram anos de convívio social se perder. A saúde mental tornou-se uma pauta urgente. A vida foi interrompida. E, para muitos, não houve retorno.

FOTO: Prefeitura de Cosmópolis

Hoje, a cidade homenageia as vidas perdidas em um memorial ao lado do Cemitério da Saudade, onde, em 25 de novembro de 2022, 189 árvores foram plantadas em tributo às vítimas da COVID-19. Um gesto simbólico de renovação, tentando devolver à terra um pouco da vida que a pandemia levou.

FOTO: Portal ON

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