09/05/2025

Grupo de apoio a mães em luto, ProSeguir realiza café da manhã neste sábado

Criado em Campinas, o ProSeguir reúne mulheres de várias cidades para partilhar luto, memória e apoio mútuo após a perda de filhos

Da redação

Neste sábado (10), às 9h30, o ProSeguir vai promover um café da manhã especial em homenagem ao Dia das Mães, no espaço Bloemendaal, localizado na Rua Frésias, 120, em Holambra. O ProSeguir é um grupo de acolhimento a mães que perderam filhos e reúne mulheres de diversas cidades.

De acordo com Monica Serpentini, uma das coordenadoras do ProSeguir, o grupo tem a missão de acolher mães enlutadas e oferecer um lugar seguro. “Na maioria das vezes, elas não encontram, com o passar do tempo, apoio e espaço entre seus amigos e familiares para que possam se expressar livremente através do choro ou de histórias com seus filhos”, relata.

Monica explica que é comum, para mães que perdem seus filhos, que as pessoas não saibam lidar com a situação e que um espaço como o ProSeguir pode ser a abertura para que elas ressignifiquem essa parte de suas vidas e tenham condições de se reinventar.

“Nosso grupo acolhe todas as mães que perderam seus filhos, independentemente da idade, tempo ou maneira como ocorreu a morte, além de religião ou qualquer crença limitante entre cada uma”, afirma Serpentini.

O ProSeguir começou em 2018, após o então vice-presidente da ONG Fraternidade sem Fronteiras (FSF) observar uma grande quantidade de mães que perderam filhos visitando o bazar de voluntários do grupo da ONG em Campinas. Então, ele se reuniu com profissionais da psicologia e da assistência social para elaborar um projeto voltado ao recorte social de mães enlutadas.

“Este grupo se reuniu durante o ano de 2018 para estudar profundamente sobre o tema antes de efetivamente iniciar com os encontros”, detalha Monica.

Em 2019, todos os encontros aconteciam na sede do bazar da FSF, em Campinas. Com o tempo, o grupo cresceu e passou a acolher integrantes de outras cidades. Hoje, a equipe conta com três psicólogas na gestão do ProSeguir. “Contamos com a colaboração de alguns locais na abertura de suas portas voluntariamente para que os encontros aconteçam em Campinas, Holambra, Americana e, em breve, em Valinhos”, diz.

No encontro deste sábado, a intenção é que todas as mães possam se expressar através de uma dinâmica com mensagens e homenagens para seus filhos. No final, todas participarão de um café da manhã.

A professora Edna Peretti, de Cosmópolis, perdeu primeiro o filho e depois a filha, e conta que um grupo como o ProSeguir passou a ser um ideal para a filha depois que o irmão faleceu. “Ela dizia: ‘Mãe, nós temos que dar um espaço para receber as mães, ter um acolhimento que poderá ajudá-las, assim, a amenizar essa saudade, essa dor que as mães sentem’.”

Edna afirma que o grupo foi fundamental para que ela sentisse que estava ajudando outras mães enlutadas. “Eu senti o quanto poderia ser útil para ajudar a amenizar essa dor, essa saudade de quem perde um filho. No meu caso, foram dois. (…) O nosso espaço é um espaço onde a gente chora, onde a gente recorda, onde a gente fala sobre eles com muita abertura. É um espaço nosso mesmo”, relata.

A professora explica que quem perde um filho lembra da perda todos os dias. Ela relata que, nas manhãs do Dia das Mães, o filho Gabriel costumava chegar sorrindo e, em alguns anos, dizia que não tinha comprado presente por falta de dinheiro. Depois, aparecia com o presente e afirmava: “Imagina que eu ia esquecer do presente dessa baixinha invocada”. Já Giovana entrava no quarto com o presente nas mãos e dizia: “Bom dia, flor do dia, hoje é um dia muito especial, hoje é o dia da Edninha”, antes de abraçá-la.

Cláudia Navarro, de Americana, conta que encontrou o grupo por meio de sua terapeuta, que também era uma das administradoras do ProSeguir. “Este grupo é da maior importância nas nossas vidas. Lá, compartilhamos nossas histórias e nos ajudamos. [O grupo] nos ajuda a seguir. É o objetivo do grupo: prosseguir!”, diz Cláudia.

Navarro confirma a fala de Edna ao dizer que a saudade é uma constante e que nunca diminui. Ela relata que, no Dia das Mães, o sentimento se intensifica, daí a necessidade de estar em um ambiente acolhedor. “É uma corrente de amor. Juntas, podemos ser mais fortes e agradecer pelos anos vividos com nossos amores que partiram, e agradecer também por aqueles que conosco estão”, declara.

Maristela Delgado, outra integrante do grupo, conta que “conhecer outras mães que compartilham da mesma dor me tornou mais forte, pois, com o grupo, tenho a liberdade de falar do meu filho e ouvir sobre os delas. Sem julgamentos, pois o luto é diferente para cada mãe e não tem tempo certo para nenhuma de nós”.

“No grupo, sempre acolhemos novas mães. Sempre tem uma mãezinha com o luto muito recente, daí a ouvimos e contamos nossas superações. É muito gratificante participar do grupo ProSeguir. Apesar da nossa perda, o coração vem quentinho para casa, pois somos acolhidas com muito amor e respeito”, relata Maristela.

A coordenadora Monica afirma que permitir-se reconhecer o próprio luto é fundamental no processo de recuperação. “Ao falar da saudade e das memórias eternizadas, as cores vão, aos poucos, voltando. Não cores tão vivas e vibrantes como antes, mas cores brandas, que trazem alegrias, e por que não felicidade? Felicidade como antes? Claro que não, mas nem por isso deixa de ser felicidade!”, diz.


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