Alunos do Projeto Retreta passam em vestibular e vão estudar música na Unicamp
Igor Daniel Scapim e Luís Gustavo Lauria conciliaram os estudos na escola José Amaro Rodrigues com as aulas no Retreta

Alunos ao lado do professor Paulo Henrique e do Maestro Ricardo Michelino
Wagner Luan/ Raquel Santana
O Portal ON/Artur Nogueira segue mostrando exemplos de como a educação pode ser um instrumento de transformação na vida de jovens, abrindo caminhos para um futuro promissor e a realização de sonhos. Depois de contar histórias de jovens que, mesmo estudando em escolas públicas, souberam absorver os conhecimentos e usaram isso para conseguir bolsas de estudos em universidades renomadas, nesta reportagem vamos compartilhar a trajetória dos alunos Igor Daniel Scapim e Luís Gustavo Lauria, do Projeto Retreta, que passaram no vestibular e vão estudar Música na Unicamp. Além de serem alunos do Retreta, eles também concluíram o ensino médio na Escola Estadual José Amaro Rodrigues.
O aluno Luís Gustavo conta que sempre gostou de música. “Lembro que, quando eu tinha uns quatro anos, pedi um violão para minha mãe, não, uma sanfona! Desde pequeno, minha mãe conta que eu sempre disse a ela que queria ser músico, tocar, fazer shows e ser um músico profissional. E ela sempre acreditou, nunca desacreditou desse sonho. Na verdade, ela sempre me incentivou. Dizia: ‘Não, você vai ser músico, você tem que estudar’. Ela sempre me apoiou e incentivou.”
Aos 12 anos, ele foi matriculado no Projeto Retreta por sua mãe. “Comecei as aulas, e foi onde tudo mudou. Minha primeira professora, Isadora, que atualmente não está mais no Retreta, mas continua me ajudando, sempre me apoiou nas apresentações. O professor Rodrigo, o Vinícius, a Camila e todos os outros professores são pessoas incríveis, profissionais maravilhosos que sempre nos apoiam.”
Ele também destacou o apoio e incentivo do maestro Ricardo Michelino. “Ele sempre acreditou no sonho. Quando soube que eu queria seguir essa carreira, disse: ‘Então você vai estudar. Tem que fazer tal coisa, ler tal livro’, e foi me orientando.”
Para ele, o apoio do projeto foi fundamental para seu sucesso. “Só consegui chegar aqui, falar com você, passar na Unicamp, realizar um sonho, por causa do maestro, dos professores, desse projeto maravilhoso, que tem uma equipe incrível. E o mais impressionante é que é tudo gratuito.”
Já Igor contou que sempre gostou de música e que chegou ao projeto por meio de um amigo. “Um amigo me apresentou, o Matias, que agora não faz mais parte. Comecei no violão, fiz aulas de vários instrumentos, depois peguei a viola caipira, fiz percussão também. Na minha igreja, eu precisava de um instrumento para tocar e gostava de violino. Mas, quando cheguei ao Retreta, pensando em estudar violino, o professor Paulo me chamou para uma aula teste e me deu um bombardino. Toquei e fiquei no bombardino. Agora, aproveito e toco na igreja também.”
Estudantes da Escola Estadual José Amaro Rodrigues, os dois tiveram que conciliar bastante os estudos na reta final do ensino médio. “Foi bem puxado. Passamos muito tempo estudando, assistimos a resumos de livros no YouTube e, graças a Deus, tivemos muitas pessoas que nos ajudaram, especialmente nossas mães. O último ano é uma loucura, tem muitas provas, e a gente tem que se organizar para conseguir estudar melhor e se preparar para os exames.”
Rosiane, mãe de Luís, se emociona ao lembrar de toda a trajetória do filho. “Desde os quatro anos, ele dizia que queria ser músico, era um sentimento que ele tinha e que eu sempre apoiei. Foram dias de muita ansiedade, porque eles fizeram a segunda fase da prova nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro. Ficamos todo esse tempo esperando o resultado com apreensão.”
Ela descreve o momento da aprovação com emoção. “Quando entrei no site e vi o nome dele como convocado, foi um misto de emoções. Choramos, pulamos, nos abraçamos e agradecemos a Deus. Sem Ele, nada disso seria possível. Além disso, ele teve pessoas que o apoiaram e incentivaram. Somos muito gratos ao maestro, porque sabemos o quanto ele sempre cobrou, mas com amor. Ele sempre dizia: ‘Eu corrijo com amor, porque a vida não vai corrigir com o mesmo carinho que eu corrijo.’ O sentimento é de gratidão e muita emoção.”
Kátia Goes, mãe de Igor, também expressa gratidão pela conquista do filho. “A base foi o ensino público da cidade e o Projeto Retreta, onde ele iniciou na música. Essa base foi fundamental para ele entrar em uma universidade tão concorrida. Eu tinha fé que ele conseguiria, mas, quando soubemos do resultado, caí de joelhos. A palavra que define tudo isso é gratidão.”
O maestro Ricardo Michelino comentou que os alunos sempre foram destaques. “São dois meninos extremamente dedicados, que há algum tempo já demonstravam o desejo de ingressar em uma faculdade e se tornarem músicos profissionais. Dentro das nossas possibilidades, sempre fizemos o que podíamos para incentivá-los. Mas ver dois jovens vindos da escola pública entrando na Unicamp já na primeira chamada é um grande feito. Estamos muito orgulhosos deles e de sua dedicação.”
Segundo ele, a história dos garotos serve de inspiração. “Destacar essas conquistas incentiva outros jovens a seguirem o mesmo caminho. O sentimento de ver alunos que ensinamos seguindo nossas pegadas é indescritível. Isso reforça que valeu a pena toda a luta da nossa equipe, professores e colaboradores. Esse é o verdadeiro troféu, a prova de que estamos no caminho certo. Estamos extremamente orgulhosos e muito felizes.”
O maestro também enfatizou o papel das mães no sucesso dos jovens. “A maior base deles foram suas mães, com muita oração. Elas atribuem o mérito ao projeto, ao maestro, ao ensino público, mas foram elas que estiveram sempre presentes. A Kátia, por exemplo, tem outro filho que também está na Unicamp, só que em Engenharia Mecânica. E deixo registrado: se um dia eu vir esses dois meninos não honrarem suas mães, dou um puxão de orelha neles pessoalmente!”, brincou o maestro.
O professor Paulo Henrique Francisco se disse feliz pelo sucesso dos estudantes. “A gente entende que o projeto Retreta e as aulas de música têm um intuito social e trabalham com outras dimensões do aluno, além da parte musical. Por isso, são muito importantes para o desenvolvimento mental e social da criança e do adolescente. Quando conseguimos inspirar um aluno a querer entrar no mundo da música, é algo gratificante. Eu tive um grande mestre, um grande professor, e vários outros grandes professores que foram as pessoas que me motivaram a ser professor. Estar aqui dando aula e ver esse legado sendo transmitido adiante é algo muito bom.”
A direção do colégio onde os estudantes se formaram celebrou a aprovação. “O sucesso dos nossos alunos prova que a educação tem o poder de transformar vidas. Luís Gustavo e Igor Daniel são exemplos de dedicação e talento, mostrando que, quando se une conhecimento e paixão, as oportunidades aparecem. Que essa conquista sirva de inspiração para nossos estudantes continuarem acreditando em seus sonhos e persistirem. Parabéns!”, disse Graziela Mantovani, diretora da EE José Amaro Rodrigues.
Os dois devem iniciar os estudos já no primeiro semestre de 2025.
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