02/11/2011

Túmulo das chupetas

Sepultura de Wanderley Sia acumula mais de cinquenta chupetas todas as semanas

Alex Bússulo

Quem entra pelo portão principal do Cemitério Municipal de Artur Nogueira encontra um dos túmulos mais visitados pelos nogueirenses.

Depois de conhecermos a história de Nhá Fermina, que segundo relatos viveu 140 anos e faz milagres a todos que a procuram, encontramos outro túmulo que também chama a atenção de quem passa pelo local.

Em cima da sepultura de um garoto existe uma cesta cheia de chupetas. Toda semana várias pessoas vão até o local, depositam mamadeiras e chupetas de crianças que tem dificuldades em largar o objeto.

Segundo a crença, quem pede ao menino que os filhos deixem de chupar a chupeta tem o pedido atendido.

Verdade ou não, fomos conhecer a história.

O garoto se chamava Wanderley Sia. Nascido em 1954, morava com os pais, Josefa e Pedro, na avenida Dr. Fernando Arens, quase de frente para a igreja Matriz Nossa Senhora das Dores.

Wanderlei era um menino esperto, inteligente, querido por todos, mas que não conseguia deixar de chupar chupeta. Com nove anos, o menino não desgrudava do objeto. Mania que mais tarde tiraria sua vida.

Em janeiro de 1963, o garoto, junto com a família, viaja para a praia de Santos para curtir as férias.

Como sempre, Wanderlei não largava em nenhum momento da chupeta, para onde o menino ia, lá estava grudado com o objeto.

No dia 11 de janeiro, o garoto saiu para passear a pé com os pais e sem querer acabou perdendo sua chupeta.

Sem conseguir encontrar o objeto, sua mãe tenta acalmá-lo dizendo que compraria outra quando encontrasse uma farmácia.

Na angústia de querer encontrar uma nova chupeta, o garoto avista uma padaria do outro da rua, larga as mãos da mãe e entra no meio da avenida. Em um momento trágico, um táxi vem em alta velocidade e atropela o garoto.

Wanderlei morreu no local, aos nove anos de idade. Embora tenha sido jogado do outro lado pelo veículo, o garoto não derrubou nenhuma gota de sangue.

Por fim, aquilo que dava tanto prazer para o menino, acabou tirando sua vida.

Hoje, 48 anos após sua morte, o garoto é tido por muitos nogueirenses como um anjo.

Todas as semanas, cerca de cinquenta chupetas e mamadeiras são deixadas em seu túmulo, como oferendas. Muitos acreditam que quando uma criança não consegue deixar de chupar chupeta ou mamar mamadeira basta pegar o objeto da criança e deixar na sepultura de Wanderlei, que ele se encarrega de atender ao pedido.

Lenda ou milagre, fato é que o garoto mesmo após tantos anos de sua morte ainda permanece vivo naqueles que acreditam em seus feitos.

 


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.