Conheça a história do primeiro feirante de Artur Nogueira
Homenageado pela Câmara Municipal, seu Mesquita, ou Bepe Baiano, também é conhecido por plantar e cuidar de uma praça com mais 80 árvores na cidade
Da redação
Seu Mesquita caminha devagar. Em parte, por causa dos 72 anos de idade. Em parte, porque a pressa parece realmente não combinar com ele. Com a simplicidade e a timidez características de um homem acostumado à vida no campo, ele anda à sombra das árvores que plantou há 22 anos e que, na última segunda-feira (19), lhe renderam uma homenagem na Câmara Municipal de Artur Nogueira.
Nascido em Pirajuí (SP), no ano de 1945, Idalto Pereira Mesquita sempre quis ter um sítio, um pedaço de terra para poder plantar o que lhe desse vontade. O pai e a mãe, no entanto, estavam sempre se mudando. Quando tinha 12 anos, foi para a Bahia morar com a avó. Na época, trabalhou na Fazenda Araponga, de uma mulher chamada dona Ângela. “Aí ela colocou esse apelido de Bepe em mim, e ficou”, relembra.
Ele chegou em Artur Nogueira há 51 anos, sendo conhecido por todos como Bepe Baiano. Morou no Bairrinho, com a família, e trabalhou com alguns sitiantes do município. Foi empregado também da Usina Ester e do Ceasa de Campinas (SP), onde possuía uma pedra, ou seja, um espaço pequeno para expor e comercializar as mercadorias.
A experiência com a pedra no Ceasa permitiu a seu Mesquita se tornar o pioneiro em um dos eventos mais populares de Artur Nogueira: a feira livre. “Eu não consigo lembrar o ano em que foi isso, mas, na primeira feira que teve na cidade, em que a turma se reuniu, eu fui o primeiro a estacionar o caminhão lá”, conta. Segundo ele, o evento ocorreu no ginásio da Escola José Amaro Rodrigues.
A atividade era seu ganha-pão. Participou de feiras em diversos pontos de Artur Nogueira e em outras cidades também. Juntava a esposa, Aparecida, os filhos, Rosimere e Adalto, e o caminhão e seguia para lugares como Cosmópolis (SP), Limeira (SP) e Mogi Guaçu (SP) para comercializar “tudo que é tipo de verdura”, como ele se refere aos produtos que expunha em sua barraca.
Foi por volta desse mesmo período que ele se mudou para o Bairro Egydio Tagliari. “Era tudo chão aqui”, comenta. Foi um dos primeiros moradores do local e aproveitou a oportunidade para dar vazão ao antigo desejo de ter um sítio.
Em frente à residência havia um espaço verde e sem moradores. Ele conversou com o prefeito da época, Luís de Faveri, e pediu autorização para usar o terreno como área de plantio. Após algum tempo de uso do espaço, percebeu que seria melhor plantar algumas mudas de árvores e ter um ambiente diferente ali. Uma nova autorização lhe foi concedida, e seu Mesquita conseguiu algumas plantas.
Após delimitar qual seria o tamanho da área verde, respeitando os limites das ruas que passavam ao redor – numa época longe de haver asfalto por ali –, ele deu início ao plantio das mudas. Algumas árvores foram cedidas pelo Viveiro Municipal, outras foram conseguidas em Engenheiro Coelho (SP), Limeira (SP) e até em outros Estados.
Hoje, cerca de 80 árvores, quase todas adultas, compõem a área verde, denominada por muito como Praça Mesquita. “Tem pé de jabuticaba, de acerola, de pitanga, cedro, paineira”, lista o senhor de idade. A dedicação dele em cuidar do local, que é usado por muitos nogueirenses para descanso e lazer, motivou o vereador Professor Adalberto a assinar a moção que foi entregue na última segunda-feira (19).
“Além do desenvolvimento de trabalhos de arborização, é cuidadoso e zeloso com áreas verdes, desenvolve trabalho de pintura e escrita de cordel”, afirma o documento da homenagem. A entrega da moção deixou seu Mesquita emocionado. “Eu fiquei contente, porque sempre é bom quando alguém que dá valor nas coisas que a gente faz”, explica.
Há cerca de 15 anos, um problema de saúde fez com que ele passasse a se dedicar também às artes. Seu Mesquita tem glaucoma, e uma cirurgia mal sucedida comprometeu sua visão do olho esquerdo. Passando mais tempo em casa, o ex-feirante decidiu desenhar. Em sua residência, guarda um caderno cheio de ilustrações e pequenas histórias criadas por ele.
Agora, Mesquita tem um novo hobbie. Sua mais nova diversão é o artesanato. Usa tocos de um antigo mandacaru para fazer esculturas. Pinta, entalha, cola figuras e cria objetos que embelezarão ainda mais o espaço verde que é seu xodó, a praça que carrega seu sobrenome. “E eu cuidarei desse lugar enquanto eu for vivo”, garante.
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