28/11/2010

Deputada Ana Perugini, contra os abusos dos pedágios

Na última sexta-feira, 26 de novembro, lideranças comerciais, rurais, políticas e moradores de Engenheiro Coelho fizeram o protesto contra o pedágio da Rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332). No meio da multidão, uma mulher vestida de branco e com voz firme defendia a população. Ana Perugini, deputada estadual pelo PT, participou ativamente do movimento. Na entrevista especial desta semana conversamos com a deputada, que falou sobre os abusos cobrados e sobre algumas irregularidades da praça do pedágio que liga Engenheiro Coelho a Artur Nogueira

QUAL É O PRINCIPAL PROBLEMA DO PEDÁGIO? Esta praça de pedágio não deveria estar neste lugar. No edital, consta que este pedágio deveria estar no quilômetro 162, mas como todos podem ver ele foi construído no quilômetro 159 + 700 metros.  Já existe uma ação judicial em andamento que questiona essa localização e o valor cobrado.

E A UNIVERSIDADE? É outro fator que devemos levar em consideração. Colocaram o pedágio na porta do centro universitário. Isso não pode. Cadê o incentivo à educação em nosso país? O estudante paga para entrar e para sair. Isso não pode continuar.

OS MORADORES DE ENGENHEIRO COELHO ESTÃO MANIFESTANDO CONTRA O PEDÁGIO… Estão sim, e dou total apoio à eles. Uma coisa importante, que muitas vezes esquecemos é que a economia desta cidade não comporta um pedágio com este valor. Engenheiro Coelho é um município que está na região metropolitana de Campinas, mas que luta para ter sua independência financeira.

O QUE PODE ACONTECER COM ENGENHEIRO COELHO? O governo não tem olhado para a economia deste município, se ninguém fizer nada, a cidade vai acabar morrendo. Se nós não nos posicionarmos, se não mostrarmos que não estamos satisfeitos, quem o fará? É o mesmo olhar que devemos ter quando temos um filho que quer parar de estudar para ir trabalhar e, como pais, assumimos os gastos porque no futuro ele terá que se garantir economicamente. E o que o governo está fazendo? Está olhando com negligência para Engenheiro Coelho, está dizendo ‘se vira, você se virou até aqui’…

VOCÊ ACHA QUE A CIDADE ESTÁ SENDO PREJUDICADA? Eu não tenho dúvida. Quando um senhor, que mora em Engenheiro Coelho, precisa comprar um único parafuso gasta R$27, porque ele tem que ir até Artur Nogueira. Quanto à universidade, quantos alunos não deixaram de se matricular por causa do pedágio. Não dá pra engolir isso. Engenheiro Coelho é uma cidade nova, com apenas 19 anos de emancipação.  Seus moradores usam até o cemitério da cidade vizinha. Como podem querer cobrar o direito de ir e vir?!

MAS POR OUTRO LADO, O PEDÁGIO NÃO TEM O BENEFÍCIO DE MELHORAR A ESTRADA? Esta estrada estava exatamente do mesmo jeito que estava antes de ser entregue a concessionária. Nada foi feito. A população não teve nenhum benefício, muito pelo contrário.

O QUE DEVERIA SER FEITO? Não pode ter praça de pedágio aqui! No mínimo, o governo deve conversar com a população. Acabei de falar com um senhor, que paga dois mil e quinhentos reais por mês só em pedágio. Como você vai fazer para fortalecer uma economia desse jeito?!

QUAL É O ARGUMENTO DO GOVERNO SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DAS ESTRADAS? Eles falam que as nossas estradas são as melhores do país, e de fato estão certos. O que nós não podemos mais tolerar são os abusos.

É POSSÍVEL ROMPER UM CONTRATO COM UMA CONCESSIONÁRIA? Sempre que há um desequilíbrio econômico é possível reivindicar o contrato.

POR QUE TER UM PEDÁGIO? Só pra se ter uma ideia, não me recordo o ano, acredito que antes de 1992, os pedágios serviam como um alternativa. Se você quisesse viajar por uma estrada melhor, você escolhia, pagava e ia por ela. Hoje, não existe escolha. Digo mais uma vez, não podemos questionar a qualidade das estradas, porque de fato elas são boas, o que o governo tem que entender é que isso está prejudicando o desenvolvimento do município.

MAS A COBRANÇA REALMENTE É UM ABUSO? Eu não tenho dúvida. Se não fosse abuso essas pessoas não estariam manifestando contra.

TEM SOLUÇÃO? Eu acredito. Existe uma frase que diz que todo político sobrevive de votos. E hoje o estado de São Paulo está dizendo chega, não dá mais. O próprio governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse enquanto estava em campanha que iria rever a questão porque existia abuso.

MAS SERÁ QUE VAI MUDAR ALGUMA COISA? O que não pode é continuar do jeito que está e a população não vai deixar.

Clique aqui e leia a reportagem exclusiva feita sobre a paralisação no pedágio


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