HISTÓRIA: Cinema movimentava nogueirenses no passado
Relembre fotos e história do Cine Marajó
FOTO: Arquivo de Delei dos Santos
No último dia 19 de junho foi comemorado em todo território nacional o Dia do Cinema Brasileiro. É difícil encontrar alguém que não goste da sétima arte. O que poucas pessoas sabem é que aqui em Artur Nogueira há algumas décadas um cinema movimentava a cidade. Por anos, o lugar servia como ponto de encontro e lazer de amigos e familiares.
Tudo teve início no ano de 1949, com a chegada do paulista José Golob no município, disposto a trazer em definitivo o cinema para Artur Nogueira. Reformou o prédio nº 224 da Av. Dr. Fernando Arens Junior, onde está hoje a loja Botafogo e a Farmácia Drogal, e instalou ali sua sala de projeção. Golob inaugurou seu cinema em 22 de outubro de 1949, dando-lhe o nome de Cine Marajó. Para a noite de estreia, escolheu o filme “Adversidade”, anunciado como o mais “gigantesco” dos filmes de então.
Por dois anos, Golob foi proprietário do cinema, projetando nos finais de semana a noite e a tarde, em combinação com o horário de trem, para atender a quem dele pudesse depender para vir a cidade.
Na época, o empresário Josepino Rossetti trabalhava no cinema. “Lembro que o cinema era uma das poucas distrações que tínhamos aqui. Além dos bailinhos, o Cine Marajó atraía os jovens e os adultos aos finais de semana em uma pequena sala na Av. Dr. Fernando Arens. Eu era o responsável por tudo, desde a limpeza da privada até a colocação dos rolos dos filmes. Essa foi a minha adolescência. Enquanto todo mundo estava se divertindo assistindo os filmes, eu estava trabalhando”, relembra Rossetti.
Em 1951, Golob vendeu o Cine Marajó a Júlio e Francisco Caetano, mais José Strassa, que logo passaram a projetar na cidade às quartas e sábados e as quintas e domingos em Engenheiro Coelho.
Por volta de 1954, Luiz Rossetti comprou a parte de José Strassa e Francisco Caetano, permanecendo como único sócio de Júlio Caetano no Cine Marajó, que sempre contava com sala repleta quando o filme era de Mazzaropi, Gordo e Magro, Tarzã ou Bang-Bang. Passados não mais que dois anos, Júlio Caetano comprou a parte de Luiz Rossetti na sociedade e, em 1958, inaugurou o prédio do Cine Marajó na rua Rui Barbosa.
Desde sua inauguração, o Cine Marajó representou sempre um meio muito eficiente de recreação e, também, veículo de cultura para Artur Nogueira. Em 1970, porém, encerrou suas atividades e o prédio foi usado para alojamento e depósito. Em 1974, foi vendido à família Rossetti, que o utilizou para depósito de sua loja de moveis, retornando com suas projeções no ano de 1981.
O cabeleireiro Ivaltair do Prado trabalhava antigamente como pintor-letreiro e por várias vezes confeccionou os cartazes dos filmes. “Na minha juventude já ganhava uns trocados pintando os cartazes e as placas que divulgavam os filmes. Ganhava por peça confeccionada e de vez em quando fazia questão de assistir a um filme. Era um tempo muito bom”, relembra Ivaltair.
Em 1991, o cinema foi definitivamente fechado e o local foi alugado para pregações religiosas.
ACIMA: Foto atual do prédio onde funcionou por anos o Cine Marajó, hoje sede da Igreja Universal. ABAIXO: Dentro do prédio ainda é possível encontrar as pequenas janelas que eram utilizadas para a projeção dos filmes
Parte do texto acima foi extraído do livro ‘Artur Nogueira – Berço da Amizade’, escrito por Sérgio Augusto Fromberg Ferreira e Luiz Carlos Mano Ferreira
Comentários
Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.