10/01/2013

Índice de gravidez na adolescência cai 17,9% em Artur Nogueira

Sociólogo aponta consequências de uma gravidez antes dos 18 anos

O índice de gravidez na adolescência em Artur Nogueira diminuiu 17,9%, se comparado no período de 2004 para 2011. Os dados foram divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), um órgão da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Governo do estado de São Paulo.

Das nogueirenses grávidas em 2004, 56 (9,38%) tinham menos de 18 anos de idade, enquanto em 2011 o número caiu para 46 (7,23%).

Ao contrário de Artur Nogueira, municípios vizinhos registraram aumento no índice. Em Cosmópolis, houve aumento de 2,7% e em Engenheiro Coelho de 26% – o maior da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Ainda na RMC, o município que registrou a queda mais significativa no índice foi Americana, com 40,9.

Segundo o sociólogo Luiz Augusto Rossi, a adolescência é uma fase complexa da vida. “Além das mudanças corporais e hormonais que nesta fase afloram e vem à tona, causando uma grande mudança, a própria atitude da não convivência familiar adequada, faz com que muitos jovens, adquiram a gravidez não por falta de informação e sim como modo de afrontar os pais e conseguir através desta situação uma ideia de liberdade, voltada a um casamento ou uma união que sem esta situação não seria permitida. Muitas famílias não concordam com o namoro de suas filhas ou por comportamento inadequado da outra parte ou por tentar convencê-las para que não desperdicem esta fase da vida com relacionamentos sérios”, afirma o sociólogo.

Rossi acredita ainda que a gravidez, por sua vez, também é uma etapa complexa na vida. “Ter um filho requer desejo tanto do pai quanto da mãe, mas não é só isso. Hoje em dia, com os problemas com a violência, instabilidade nas finanças, esta decisão tem que ser tomada de forma mais responsável. Um novo ser no mundo requer mais do que atenção e amamentação. Requer um longo período de gastos extras e trabalho familiar redobrado. Quando isso não acontece, a certeza de acontecerem problemas é muito grande.

O sociólogo afirma que os primeiros problemas podem acontecer no início da gravidez, uma vez que ao tentar esconder dos familiares, muitas adolescentes prendem a barriga com faixas ou outros meios e a formação do feto fica bastante comprometida. Outro fator apontado é o da gravidez sem acompanhamento médico, levando a mãe em muitos casos a correr risco de morte. “Muitas adolescentes em atitudes desesperadas e irresponsáveis procuram métodos abortivos com a ingestão de medicamentos proibidos ou são levadas pelos namorados ou até mesmos os pais a clinicas de aborto clandestinas”, afirma o sociólogo.

Outro fator apontado por Rossi é a rejeição das famílias. “Ainda é muito comum pais abandonarem suas filhas neste momento tão delicado ou entregando-as a casamentos nada satisfatórios ou não pensados para se verem livres deste problema. O agravante dessa situação são os conflitos de depois do casamento, que na maioria das vezes acabam em separação, causando uma situação estressante para os pais e também para o filho”, afirma.

O sociólogo acredita que o diálogo familiar é a melhor opção. “Para diminuir ainda mais os casos de gravidez na adolescência, temos que trabalhar o ambiente familiar e abrir as portas para a conversa franca e não repressiva. Abrir as portas para o entendimento e o estreitamento dos laços: mãe, pai e filhos. Diálogo, sempre. Filhos que tem liberdade de se abrir com os pais, terão mais chances”, conclui Rossi.


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