Maria Telma: Uma história de superação, empreendedorismo e inspiração para mulheres
Moradora de Artur Nogueira, ela usa o empreendedorismo para ajudar outras mulheres
Wagner Luan
Neste sábado, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Portal ON Artur Nogueira apresenta a história de uma mulher que, com muita determinação, enfrentou as dificuldades da vida, criou os filhos sozinha e transformou desafios em oportunidades para empreender e ajudar outras mulheres a descobrirem suas habilidades no empreendedorismo.
Estamos falando de Maria Telma Alves da Silva, de 52 anos, natural de Ouro Branco (AL). Ela conheceu Artur Nogueira em um momento difícil, quando buscava tratamento de saúde para sua filha. Aqui, se estabeleceu e fundou a Associação Colmeia Real, um grupo voltado ao empreendedorismo.
Chegada a Artur Nogueira
Telma conta que chegou a Artur Nogueira em 2012, mas já conhecia a cidade desde 2004. “Isso aconteceu quando precisei trazer minha filha para tratamento médico devido às sequelas de uma meningite. Na época, conseguimos atendimento em um hospital japonês, em Vila Maria. Foi um momento muito difícil, mas que se tornou uma oportunidade e resultou na minha mudança para cá. Artur Nogueira foi um ponto de apoio, pois já tinha familiares aqui. Foi amor à primeira vista”, relata.
A decisão de se mudar não foi fácil, especialmente por conta dos projetos que ela desenvolvia em Alagoas. “Minha vinda para cá foi difícil, mas necessária. Em Alagoas, eu liderava um projeto social de grande destaque nacional, que ajudava pessoas em situação de vulnerabilidade por meio do empreendedorismo. Contávamos com o apoio de ONGs, Sebrae, Senai, Cáritas Diocesanas e Visão Mundial. Deixar tudo para trás e recomeçar em uma cidade desconhecida foi um desafio enorme, mas fiz isso por um propósito maior: a vida da minha filha”, enfatiza.
Infância difícil em Alagoas
Telma teve uma infância marcada por desafios e, ainda na adolescência, precisou tomar decisões de adulta. “Aos 12 anos, já era líder de trabalhadores no campo, no sertão alagoano. Com 15 anos, assumi a maternidade de uma criança abandonada pela mãe e rejeitada pela sociedade. O bebê estava gravemente desnutrido, prestes a morrer. Ninguém queria cuidar dela, mas meu pai, mesmo sendo pobre, tinha vacas leiteiras que podiam salvá-la. Contra a vontade da minha mãe, levei a criança para casa e, com o apoio do meu pai, conseguimos cuidar dela. A mãe só voltou a procurá-la quando ela já tinha quatro anos.”
Outro momento marcante em sua vida foi quando precisou enfrentar sozinha as adversidades. “Aos 17 anos, engravidei do meu primogênito e fui abandonada pelo pai da criança. Ele simplesmente foi embora, me deixando com um filho no colo e outro no ventre. Minha família me expulsou por estar grávida solteira. Foi um período extremamente difícil. Eu precisei decidir entre enlouquecer ou amadurecer, e escolhi amadurecer. Sem emprego e sem apoio familiar, mas com a ajuda de pessoas da comunidade, enfrentei essa batalha. Aos 21 anos, casei-me e tive mais três filhos, sempre trabalhando no campo.”
Empreendedorismo em meio às dificuldades
Em 1998, Telma mudou-se para a cidade de Palmeira dos Índios. Em 2000, separou-se do marido e enfrentou novos desafios. Foi nesse momento que viu no empreendedorismo uma oportunidade para transformar sua vida. “Trabalhei como doméstica e lavadeira. Quando comecei a receber o Bolsa Família, passei a investir parte do benefício. Em 2002, fiz uma capacitação e me motivei a trabalhar com comunidades. Passei a acompanhar famílias da Pastoral da Criança, identificando suas dificuldades e lutando por melhorias. Para criar meus filhos, fiz tudo o que era honesto e digno”, conta.
“Minhas habilidades empreendedoras surgiram da necessidade de ajudar um povo sofrido, que clamava por justiça social e dignidade no trabalho”, completa.
Fundação da Associação Colmeia Real
Já instalada em Artur Nogueira, Telma iniciou um trabalho que, futuramente, resultaria na Associação Colmeia Real. “A ideia da associação nasceu dentro da Casa de Curso, onde comecei a dar aulas voluntárias de culinária. Em 2013, formamos um pequeno grupo, com o apoio da psicóloga Ana Borges (in memoriam), da assistente social Tereza, da coordenadora Iara Capato e do empresário José Nogueira, que nos cedeu um espaço para as reuniões. O grupo foi crescendo e se fortalecendo. Hoje, temos o apoio do município e reconhecimento nacional, com potencial para expandir e realizar intercâmbios com outras organizações de trabalhadores no Brasil e no mundo.”
Ser mulher e empreendedora
Para Telma, ser mulher é sinônimo de força e determinação. “Ser mulher é se conhecer, se valorizar, ser forte quando necessário e frágil quando preciso. É saber sorrir, lutar e não ter vergonha de chorar. A mulher deve se colocar em primeiro lugar.”
Ela deixa ainda uma mensagem de esperança: “Nunca desista dos seus sonhos, por mais difíceis que pareçam. A vida só tem sentido quando se tem um ideal. Lute sempre, desistir jamais! Mulheres, reservem um tempo para si mesmas. Vocês merecem o melhor. Parabéns a todas as mulheres!”
Depois de criar cinco filhos sozinha, Telma se casou novamente e teve mais três, totalizando oito filhos e cinco netos. Entre eles, uma filha especial, a quem ela se refere como “a razão da minha força depois de Deus”.
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