22/01/2016

Moradores do Jardim Jatobá em Artur Nogueira sofrem com obra inacabada

Segundo moradores obra está parada há cerca de um mês. Prefeitura não se pronunciou sobre o assunto.

Por Isadora Stentzler

Com entulhos de uma obra começada a um mês, remendos no asfalto e um esgoto saturado, a rua Nicolau de Sá tem gerado transtorno aos moradores do Jardim Jatobá que precisam conviver com a falta de infraestrutura básica no trecho. Segundo eles, um problema que permanece há anos na estrutura de saneamento da via. Procurada, a Prefeitura não respondeu à reportagem.

Na esquina com a Avenida Luiz Spadaro Cropanise, a obra que acumula cerca de quatro metros quadrados de entulhos teria começado antes do Natal, após o asfalto ceder e abrir um buraco. No início deste ano, porém, os moradores contam que a reforma foi abandonada, ficando um acúmulo de escombros no trecho.

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Com o espaço interditado, alguns veículos fazem manobras irregulares e transitam sobre a calçada para poder cruzar a rua, colocando em risco as crianças que brincam no local. Só na manhã de quinta-feira (21), por exemplo, a reportagem flagrou duas motos fazendo a manobra, mas residentes relatam que carros também optam pelo “desvio”.

No entanto, não é só este o problema que incomoda quem vive na Nicolau de Sá. Para os moradores o local é esquecido e uma fonte de problemas.

Em janeiro do ano passado as chuvas abriram uma cratera no meio da rua. Na época a prefeitura disse que “as fortes chuvas ocasionaram o rompimento da galeria de águas pluviais que passa por baixo da rua, ocasionando o desmoronamento”.

Juliana da Silva, que tem a casa bem em frente ao atual entulho, vive na rua há mais de dez anos e lembra o fato, mas para ela não se trata de ocorrências pontuais. “Isso vem dando problema desde que moro aqui. O asfalto afunda, quebra a tubulação e o esgoto da parte de cima transborda e vem pra minha casa”, reclama.

Segundo a dona de casa, toda vez que chove o bueiro da esquina de cima – paralelo à rua Luís Rossetti – transborda, lançando à baixo todo o esgoto. Assim, os entulhos da obra se tornam uma barreira e dão suporte para água subir, atingindo a casa de Juliana.

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“As pessoas falam que eu lavo a calçada quando chove. É claro que lavo! Minha casa fica cheia de fezes”, desabafa. O medo dela é pelos filhos, um de cinco e o outro de três anos, que ficam a mercê das doenças que podem vir da água.

Com as chuvas da última semana, o marido de Juliana teve que fazer uma fenda no muro da casa para que água se esvaísse, já que ela atingia o nível da porta. Em outra ocasião, ela lembra que chegaram em casa com chuva e optaram por ficar dentro do carro pois o mar de dejetos inundava a casa.

Um vídeo foi gravado pela família denunciando o problema. Nele a água passa pela garagem levando sujeiras do esgoto para dentro.

Asfalto de papel

Sem ter informações sobre o andamento das obras, Juliana se sente a mercê de um problema crônico.

Como ela, a dona de casa Edna Virginia Silva, de 58 anos, vê inúmeros problemas não resolvidos. Ela mora no local há oito anos e fala que se arrepende de ter comprado terreno no espaço. “Se soubesse que era assim não teria vindo para cá”, desabafa. “Simplesmente a rua faz buracos. Ali ó”, e aponta para uma fenda no asfalto, “já vai formar um! Aqui o asfalto é de papel, cede! É terrível. Fora as águas que descem de cima para cá e trazem o esgoto. Não sei como vai ser isso. É um descaso total com a nossa rua. Pago R$ 82 de água e R$ 82 de esgoto para isso?”

Camila Fernanda de Oliveira que é mãe de uma menina de cinco e um menino de dois anos quase não permite que as crianças fiquem na rua. Calçado é uma peça fundamental e em dias de chuva só deixam a casa se necessário, pois não consegue enfrentar o rio de esgoto. “Para sair é impossível e se vou entrar, levo a sujeira com o carro. É complicado”, diz.

No local do bueiro um morador colocou um cavalete para evitar a passagem de carros e pessoas. Além de que só de se aproximar dele é possível sentir o odor azedo.

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Pavimentação

Na quarta-feira da semana passada, dia 13, o prefeito Celso Capato assinou contratos com a Caixa Econômica Federal para a liberação de R$ 6,2 milhões de reais a serem destinados à pavimentação de 100 ruas de Artur Nogueira. Uma das citadas no documento como beneficiada pelo programa é a Nicolau de Sá, mas para moradores, isso não será o suficiente. “Eles deveriam abrir todo o asfalto e arrumar o esgoto. Não adianta consertar pequenos trechos pela parte de cima, jogando mais asfalto. É em baixo”, frisa Juliana, que enquanto espera, sente que a rua deve continuar à margem de Artur Nogueira.
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