14/07/2015

Morte de jovem nogueirense levanta questão sobre infarto precoce

Segundo dados do DataSus, infarto é a primeira causa de mortes no país. Médico aponta que patologia ocorre com mais incidência após os 60 anos, mas que número cresce em jovens.

morte por infarto de Luilma Laranjeira Silva, de 21 anos, no último domingo (12) chamou a atenção pela patologia ter atingido uma pessoa tão jovem. Segundo o esposo, ela acordou no meio da noite se sentindo mal e faleceu em seguida. O laudo do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) de Bragança Paulista, que analisou o corpo, conferiu morte por ‘patologia cardíaca grave’, ou infarto. Conhecida como uma doença que acomete adultos, com mais intensidade após os 50 anos, médico cardiologista explica que esse quadro tem mudado.

O infarto agudo do miocárdio é primeira causa de mortes no país, de acordo com a base de dados do DataSus, do Departamento de Informática do SUS, que registra cerca de 100 mil óbitos anuais devidos à doença. Ele acontece quando uma artéria coronária se entope, obstruindo a passagem de sangue.

Entre as causas que podem desencadear o infarto estão obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto, estresse, sedentarismo e histórico familiar. O uso de drogas também está atrelados a incidência dessa patologia.

Segundo o médico cardiologista Ari Tinerman, diretor clínico do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, e membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia o infarto em jovens está relacionado ao estilo de vida. “Se a pessoa tem uma história familiar que já teve problemas, se ele tiver colesterol elevado ou for hipertenso, mesmo o mais jovem pode ter um infarto”, esclarece. “Mas tem outras causas em infarto em jovens: atualmente o uso de drogas ilícitas como cocaína e etc. E isso pode determinar um infarto mesmo em coronárias normais. Outra possibilidade é quando ele nasce com uma coronária com uma saída dela da aorta anormal e isso pode fazer com que não haja um suplemento adequado de sangue. Colesterol elevado de difícil controle também pode ocasionar infarto em pessoas mais jovens”, explica o especialista.

Tinerman também frisa que qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, pode sofrer um infarto. Regularmente a patologia é mais comum em mulheres acima dos 60 anos e em homens a partir dos 40.

No caso de Luilma exames ainda devem ser feitos para análises detalhadas do que ocasionou o infarto. Segundo o esposo, Roberto da Silva Castro, de 31 anos, um avô e uma avó de Luilma morreram de infarto. Ainda conforme Castro, a esposa não tinha diabetes, muito menos fazia o consumo de qualquer droga.

Para evita-lo Tinerman aconselha sair da área de risco no que diz respeito ao sedentarismo e ao uso de drogas, largando os maus hábitos. Já a pessoa com colesterol elevado e outras doenças deve ser tratada junto ao médico, com exames periódicos.

De acordo com o auxiliar em necropsia Wagner Pedroso casos de infarto em jovens não são tão raros e citou o caso de um menor, de 10 anos. “Ele teve uma arritmia cardíaca na escola e morreu. Então não é novidade para nós não [jovens que morrem por infarto]”. Arritmia cardíaca é quando o coração bate descompassado.

Infarto

Segundo o DataSus, a dor do infarto se deve à redução de fluxo sanguíneo ocasionado pelo estreitamento ou obstrução de uma artéria do coração, impedindo que oxigênio chegue em quantidade adequada para as células cardíacas. Esse estreitamento se dá pelo acúmulo de gordura por dentro na artéria ou por um entupimento.

A dor pode ser confundida com sintomas corriqueiros como má digestão, dor muscular e tensões. Tinerman explica que a dor é forte e se compara com um peso sob o peito, segundo ele a dor tende a se espalhar para os ombros e braços. No caso de pessoas mais idosas ou com diabetes o infarto não vem acompanhado de muita dor, mas de desmaios ou insuficiência respiratória. “Quanto mais precoce levar para o atendimento médico, mais chance de sobreviver.”


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