30/06/2013

OPINIÃO: Existe cura gay?

Conselheira Nacional LGBT fala sobre polêmico projeto de lei

Por Lohren Beauty

Na última semana, aproveitando a distração da sociedade e da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT) com as manifestações que ocorriam por todo o país, o Deputado Federal Pastor Marco Feliciano (PSC) colocou em pauta e aprovou um projeto de lei do Deputado João Campos (PSDB), líder da bancada evangélica do Congresso, que instituía a cura gay no Brasil. Em outras palavras, o que foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, presidida por Feliciano, foi que ser gay é uma doença que deve ser erradicada. Como a dengue.

Vou dar um momento para vocês vomitarem.

Existe cura gay? Vou reformular: Existe cura para meus lindos olhos verdes? Não. Então pronto. Fim da questão. Ser gay é uma característica da essência do ser humano e, a essa altura do campeonato, imaginávamos que isso já estava bem claro. Afinal, estamos lutando para provar este fato há mais de 40 anos.

Stonewall

Ano de 1969. Uma semana após o Homem pisar na lua pela primeira vez, prisões e batidas policiais aconteciam com frequência em bares frequentados por gays em Los Angeles e Nova York. Em um pequeno bar chamado Stonewall, porém, foi a primeira vez que os gays reconheceram a opressão que sofriam e tomaram conhecimento de que aquilo precisava ser mudado.

Em um protesto violento, cerca de 400 pessoas revoltaram-se contra as prisões que estavam sendo feitas. Na noite seguinte, mais um grupo de pessoas reuniu-se em frente ao bar e protestou contra a ação da polícia.

A partir daquele dia, aqueles gays, lésbicas e travestis perceberam que nunca iriam ser aceitos pela sociedade se ficassem apenas esperando e dependendo de sua boa vontade. A rebelião mostrou a eles que a atitude que deveria ser tomada era a do enfrentamento. O discurso mudou. Nada mais de pedir para ser aceito: era preciso exigir respeito.

A primeira Parada aconteceu em Nova York, um ano após o ocorrido. Stonewall, então, virou sinônimo de libertação sexual para o público homossexual. Muitas outras Paradas se seguiram a essa, em Washington, San Francisco e outras capitais dos Estados Unidos e do mundo.

Hoje, o Dia Mundial do Orgulho Gay é comemorado em 28 de junho em mais de 140 países. Até o então presidente Lula se manifestou: “A importância das paradas é exatamente dar visibilidade aos homossexuais, bissexuais e transgêneros, que por muitos séculos não puderam se expor, muito menos reivindicar seus direitos como qualquer outro cidadão. A sociedade brasileira tem se sensibilizado com a luta pela visibilidade da diversidade sexual. Como diz Milton Nascimento: ‘Qualquer maneira de amor vale a pena. Qualquer maneira de amor vale amar’.” Foi a primeira vez que um presidente da República reconheceu as Paradas Gays.

Viva a diversidade!!

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lohren
Lohren Beauty
é estilista, drag queen e Conselheira Nacional LGBT da Presidência da República


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