OPINIÃO: No Dia do Jornalista, Alex Bússulo comenta sobre a profissão
Nos bastidores de um portal nogueirense…
A coluna OPINIÃO é publicada todos os domingos no Portal Nogueirense. A cada semana, um profissional opina sobre algum assunto que está em pauta no município, no estado, no país e até questões internacionais. No último domingo, 7 de abril, foi comemorado o Dia do Jornalista. Devido a data, o idealizador do Portal Nogueirense fala sobre como nasceu a ideia de se criar um jornal diário para Artur Nogueira. Confira:
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Por Alex Bússulo
Antes de me formar como jornalista, a universidade pediu para que cada universitário escolhesse uma frase para colocar no convite da formatura. Cada estudante escolheu uma citação e mandou para a comissão responsável. Eu fui atrás da minha. Escolhi um pensamento de autoria do escritor norte-americano Mark Twain, que diz mais ou menos o seguinte: “Existem dois grandes dias na vida de um homem: o dia em que ele nasce e o dia em que ele descobre o porquê nasceu”. Uma frase forte que me provocou assim que eu a li e que carrego até hoje comigo.
Bem, eu nasci na manhã de um sábado, no dia 13 de dezembro de 1986. Minha mãe deu a luz em Cosmópolis, pois naquela época não havia maternidade em Artur Nogueira. Sempre morei no município ‘Berço da Amizade’, passei boa parte da minha vida morando em um sítio da família no bairro rural da Ponte de Tábua.
O dia em que a gente nasce é fácil saber, é um dia especial que costumamos comemorar todos os anos. Mas o dia em que a gente descobre o porquê nasceu é mais especial ainda. Tão especial que, infelizmente, poucos descobrem. Tem a ver com missão, talento e vocação. Eu tenho a felicidade em poder dizer que eu descobri o motivo da minha existência no dia 1º de março de 2004, há quase uma década.
Eu era um aluno do Ensino Médio da Escola Magdalena e foi nesta data em que publiquei meu primeiro jornal. O Folha do Estudante era um jornal mensal que circulava em todas as escolas estaduais de Artur Nogueira. Ele durou dois anos e me certificou de que eu estava no caminho certo.
Depois do jornal estudantil, fui convidado e assumi a edição do Jornal do Pulguinha, que tinha circulação mensal em todas as escolas municipais de Artur Nogueira, na região, inclusive assinaturas fora do estado. Trabalhei como editor por seis anos. Foi neste mesmo período que iniciei minha graduação em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo.
E foi em uma disciplina chamada ‘Novas Tecnologias’ que nasceu a ideia de criar o Portal Nogueirense – um jornal diário que trouxesse as principais notícias de Artur Nogueira, de maneira isenta, ética, apartidária e rápida.
Eu não conseguia entender como as notícias circulavam no município. Se alguma coisa acontecesse do outro lado do planeta em questão de frações de minutos todos nós, nogueirenses, ficávamos sabendo através da televisão ou da internet.
No entanto, se acontecesse algo do outro lado da cidade precisávamos de, no mínimo, uma semana para ler a reportagem. Alguma coisa estava errada – e precisava ser mudada.
No dia 1º de setembro de 2010 o Portal Nogueirense foi ao ar. Lembro-me como se fosse hoje. No primeiro dia tivemos “apenas” 6 visualizações, que acredito que tenha sido de alguém da agência que criou o site, da minha namorada, do meu primo, de algum amigo, a minha própria e outra que eu não faço ideia, talvez de algum perdido que acessou por acaso.
Hoje, após quase três anos de trabalho e dedicação, temos o orgulho de ter cerca de 20.000 (vinte mil!) visualizações por dia – todos os dias – segundo dados comprovados do Google Analytics.
Mas, para ser bem sincero, nunca nos preocupamos com essa “audiência”. E sim com uma palavrinha que aprendi lá atrás quando entrei na faculdade: credibilidade! Essa sim é importante. Audiência também conta, mas ela sempre foi tida como uma consequência.
Às vezes chego até pensar que para mim seria muito mais fácil tentar emprego em uma emissora ou em um jornal de grande circulação. O que me segura então nesta cidade? Talvez seja o amor – pela cidade e pela profissão.
Amo Artur Nogueira e amo Jornalismo. Uma combinação que tento manter viva e forte a cada dia que acordo e vou para a redação. Quando alguém me pergunta o que é Jornalismo costumo responder com uma frase de George Orwell que dizia que “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.
Sou jornalista e sei no que devo acreditar e colocar em prática. No meu curso estudei filosofia, sociologia, psicologia, história e o direito da comunicação. Sei o que posso e o que não posso escrever. Sei muito bem o que significa calúnia, difamação e injúria. Carrego comigo o Artigo 5º da Constituição Federal que prega a liberdade de expressão dos meios de comunicação e das pessoas, livre de censura ou licença.
A imprensa é conhecida como o Quarto Poder, pois ela fiscaliza, ou pelo menos deveria fiscalizar, os outros três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas isso tem que ser realizado de maneira ética e respeitável. Aliás, respeito é algo fundamental no Jornalismo. O profissional deve respeitar suas fontes, seus leitores, as autoridades, enfim, ele deve respeitar todas as pessoas com quem tem contato.E este respeito deve ser sempre mútuo.
Muita gente me pergunta se eu não fico cansado com o trabalho. Afinal, muitos sabem que fico de plantão durante 24 horas por dia, sete dias por semana. Sabem que se acontecer algo importante na madrugada, ao amanhecer a notícia estará fresquinha no site. Costumo responder que eu simplesmente não trabalho. Eu faço aquilo que amo e acabo não vendo como um emprego. Acho que não suportaria saber que eu tenho que ir ‘trabalhar’ noite e dia. Quando a gente faz o que ama, o trabalho acaba não sendo um fardo.
E é claro que eu não estou sozinho nesta jornada. Aliás, se estivesse posso garantir que seria impossível percorrer por este caminho. Hoje, tenho uma equipe extremamente competente que trabalha e abraça a causa todos os dias. A gente lê o texto duas, três, quatro vezes antes da publicação. Fazemos planejamento e vamos atrás da notícia, esteja ela onde estiver.
Sou um homem de muita fé. Acredito muito em Deus e Nele confio minhas escolhas e vitórias. Sei que tenho muito a aprender ainda, mas sei que estou no caminho. Tenho a consciência tranquila e todos os dias que coloco minha cabeça no travesseiro consigo dormir em paz. Porque sei que dei o meu melhor e contribui com o que podia para a minha cidade. Minha alegria é publicar boas notícias. Tenho prazer em fazer isso. Mas a verdade, a realidade, o juramento que fiz quando me formei jornalista me faz lembrar do meu compromisso com a sociedade.
Por fim, concluo esse artigo opinativo com um último pensamento, desta vez de Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las” – não é nada fácil, mas eu defenderei. É isso.
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Alex Bússulo é jornalista, bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pelo Unasp e responsável pelo site nogueirense.com.br. Também é consultor editorial do Jornal Mais e idealizador do Prêmio Nogueirenses do Ano
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