13/10/2013

ADRIANO DA SILVA: Os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência

Nogueirense aborda desafios e soluções para o município e país

 Adriano José da Silva

Hoje, no Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência estão sendo discriminadas nas comunidades em que vivem ou sendo excluídas do mercado de trabalho. O processo de exclusão social de pessoas com deficiência ou alguma necessidade especial é tão antigo quanto a socialização do homem.

A estrutura das sociedades, desde os seus primórdios, sempre inabilitou os portadores de deficiência, marginalizando-os e privando-os de liberdade. Essas pessoas, sem respeito, sem atendimento, sem direitos, sempre foram alvo de atitudes preconceituosas e ações impiedosas.

A literatura clássica e a história do homem refletem esse pensar discriminatório, pois é mais fácil prestar atenção aos impedimentos e às aparências do que aos potenciais e capacidades de tais pessoas.

Nos últimos anos, ações isoladas de educadores e de pais têm promovido e implementado a inclusão, nas escolas, de pessoas com algum tipo de deficiência ou necessidade especial, visando resgatar o respeito humano e a dignidade, no sentido de possibilitar o pleno desenvolvimento e o acesso a todos os recursos da sociedade por parte desse segmento.

O nascimento de um bebê com deficiência ou o aparecimento de qualquer necessidade especial em algum membro da família altera consideravelmente a rotina no lar. Os pais logo se perguntam: por quê? De quem é a culpa? Como agirei daqui para frente? Como será o futuro de meu filho?

O quadro fica mais sério, tendo em vista que a tendência dos profissionais da saúde é sempre ressaltar, no diagnóstico, os aspectos limitantes da deficiência, pois invariavelmente são eles que primeiro são chamados para dar o diagnóstico conclusivo. Os médicos raramente esclarecem ou informam, aos familiares de portadores de deficiência, as possibilidades de desenvolvimento, as formas de superação das dificuldades, os locais de orientação familiar, os recursos de estimulação precoce, os centros de educação e de terapia.

A esses familiares pede-se que aceitem uma realidade que não desejam e que não é prevista, uma realidade em que os meios sociais e a mídia pouco abordam e, quando o fazem, é de maneira superficial, às vezes preconceituosa e sem apresentar os caminhos para a inclusão social.

Os pais ou responsáveis por portadores de deficiência, por sua vez, também se tornam pessoas com necessidades especiais: eles precisam de orientação e principalmente do acesso a grupos de apoio. Na verdade, são eles que intermediarão a integração ou inclusão de seus filhos junto à comunidade.

Cada deficiência acaba acarretando um tipo de comportamento e suscitando diferentes formas de reações, preconceitos e inquietações. As deficiências físicas, tais como paralisias, ausência de visão ou de membros, causam imediatamente apreensão mais intensa por terem maior visibilidade. Já a deficiência mental e a auditiva, por sua vez, são pouco percebidas inicialmente pelas pessoas, mas causam mais estresse, à medida que se toma consciência da realidade das mesmas.

Nos estados e municípios, não existe uma política efetiva de inclusão que viabilize planos integrados de urbanização, de acessibilidade, de saúde, educação, esporte, cultura, com metas e ações convergindo para a obtenção de um mesmo objetivo: resguardar o direito dos portadores de deficiência.

Reações preconceituosas, de omissão e descaso, já podem ser classificadas:

– Nos órgãos públicos, as solicitações e reivindicações de pessoas portadoras de deficiência logo se transformam nos famosos processos “Ao-Ao”, em que cotas endereçadas “Ao” Dr. Fulano, “Ao” departamento tal e “Ao” setor de Sicrano só criam volume, burocracia e não apontam para soluções, pois todos transferem o “problema” para terceiros, eximindo-se, assim, da necessidade de propor alternativas de atendimento. Nesses processos, quase todos se omitem de tomar decisões em benefício dos portadores de deficiência;

– Na área de atendimento e serviços à população, a resposta mais frequente é a “NTV”, “não temos vaga”;

– Há, também, a adoção, tão popular para as pessoas de baixa renda, do sistema “ENFE” de atendimento, ou seja, “entre na fila de espera”.

Deve-se lembrar, sempre, que o princípio fundamental da sociedade inclusiva é o de que todas as pessoas portadoras de deficiência devem ter suas necessidades especiais atendidas. É no atendimento das diversidades que se encontra a democracia. O que fazer diante deste quadro? O primeiro passo é conseguir a alteração da visão social através:

– De um trabalho de sensibilização contínuo e permanente por parte de grupos e instituições que já atingiram um grau efetivo de compromisso com a inclusão de portadores de necessidades especiais junto à sociedade;

– Da capacitação de profissionais de todas as áreas para o atendimento das pessoas com algum tipo de deficiência;

– Da elaboração de projetos que ampliem e inovem o atendimento dessa clientela;

A partir da análise e adequação destas estruturas e do levantamento de alternativas que favoreçam o desenvolvimento dos alunos, em geral, e dos portadores de necessidades educativas especiais, em particular, é que a inclusão escolar deve ter início. Assim, é necessário analisar se o ambiente de aprendizagem é favorecedor, se existe oferta de recursos audiovisuais, se ocorreu a eliminação de barreiras arquitetônicas, sonoras e visuais de todo o próprio escolar, se existem salas de apoio pedagógico para estimulação e acompanhamento suplementar, se os currículos e estratégias de ensino estão adequados à realidade dos alunos e se todos os que compõem a comunidade escolar estão sensibilizados para atender o portador de deficiência com respeito e consideração.

Há 10 anos faço um trabalho voluntario em nosso município onde temos vários portadores de necessidades especiais incluídos no mercado de trabalho, mas até hoje não existe essa associação registrada. Faço cadastros onde temos a análise da possibilidade de poder socializar o mesmo, mas pelo menos tento fazer diferença na vida de quem quer realmente ter outra realidade.

Existem os portadores de necessidades especiais que podem ser incluídos em alguma empresa e os que não tem condições, nesse caso deve ser atendidos os dois pois se tivéssemos espaços e colaboradores poderiam não ociosos.

Vejo uma falta de respeito com relação às vagas disponíveis em nossa cidade, já encontrei deficiente que sente constrangimentos em sair, vejo que nosso município deveria dar uma atenção especial, pois existem muitos ou quase todos que só estão necessitando de uma oportunidade.

Deixo algumas perguntas a serem analisadas por muitos: o que Artur Nogueira está fazendo para incluir os deficientes na sociedade? Por que não podemos ter momentos e espaços de lazer? O que estamos fazendo para fazer diferença na vida de alguém que necessita de uma oportunidade?

Pensamentos que valem a pena refletir: “Não vire as costas, não feche os olhos, essa realidade pode estar perto de você” e “Existem perfeitos deficientes e deficientes perfeitos”

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ADRIANO-SILVA


Adriano José da Silva
é portador de necessidades especiais

 


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