12/09/2010

Padre Eder, 20 anos de dedicação à igreja

Eder Doniseti Justo nasceu na cidade de Andradas/MG em oito de outubro de 1964. Aos 4 anos de idade se mudou com a família para Americana/SP. Irmão de mecânico, entrou para o seminário aos 18 anos. Poucos sabem, mas o padre Eder é corintiano. “Não sou fanático, mas fico feliz quando o Corinthians ganha” comenta. Há 11 anos é o pároco da igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, em Artur Nogueira. Em 21 de dezembro deste ano, completará 20 anos de padre. Em uma conversa na sala onde atende, aos fundos da igreja, Eder nos recebeu para uma conversa e nos contou sobre sua missão, seu maior medo e sobre um fato triste que nunca conseguiu esquecer.

Por Alex Bússulo

Eder Doniseti Justo nasceu na cidade de Andradas/MG em oito de outubro de 1964. Aos 4 anos de idade se mudou com a família para Americana/SP. Irmão de mecânico, entrou para o seminário aos 18 anos. Poucos sabem, mas o padre Eder é corintiano. “Não sou fanático, mas fico feliz quando o Corinthians ganha” comenta. Há 11 anos é o pároco da igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, em Artur Nogueira. Em 21 de dezembro deste ano, completará 20 anos de padre. Em uma conversa na sala onde atende, aos fundos da igreja, Eder nos recebeu para uma conversa e nos contou sobre sua missão, seu maior medo e sobre um fato triste que nunca conseguiu esquecer. Confira.

Como descobriu sua vocação? Eu não tenho nenhuma grande história para contar. Foi algo que aconteceu naturalmente. Fiz o que qualquer criança cristã faz nos seus nove, dez anos. Primeiro fiz a primeira comunhão e fui me envolvendo com as realizações da igreja. Meus pais eram muito religiosos, o que me influenciou bastante. Na igreja, temos alguns meses temáticos. Setembro, por exemplo, é o mês da bíblia. Agosto é o mês vocacional, em que a igreja nos convida a pensar sobre os diferentes chamados que Deus faz às pessoas. Foi pensando sobre isso, que percebi que poderia ser um padre.

Foi fácil assim? Não. No começo eu me enchia de perguntas. Cheguei até fazer uma lista com razões para não ser padre.

Você lembra de alguma dessas razões? Não. Já faz muito tempo (risos).

Mas pelo visto, sua vocação falou mais alto do que essa lista. Falou sim. Na verdade, essa lista foi um texto reflexivo. Escrevi colocando nela tudo o que sentia naquele momento. Quando concluí o texto, entreguei para o meu pároco, à época, padre José Bryan. Ele me ajudou a entender a minha missão. Daí segui em frente, entrei para o seminário, estudei quatro anos filosofia e mais quatro anos teologia.

Hoje, como é a sua vida como padre? Veja bem, atualmente acumulo algumas funções. Sou o pároco da paróquia Nossa Senhora das Dores, portanto, responsável por sete comunidades em Artur nogueira; tenho contribuído com a Igreja em nossa Diocese de Limeira nas funções de coordenador diocesano de pastoral e vigário episcopal da região leste da nossa Diocese, área pastoral na qual Artur Nogueira está inserida.

E com todas essas funções não sobra tempo para o lazer? Faz alguns anos que não tenho um tempo mais prolongado de férias, por minha própria vontade. Sempre que posso dou uma “escapada” de alguns dias.

E o que você faz nesse pouco tempo de lazer? Gosto muito de conversar com meus amigos. Às vezes nos reunimos, tomamos um chopp… Quando posso vou à praia. Já gostei mais das águas do mar. E sempre quando sobra um tempinho vou ao cinema.

Você gosta de assistir filmes? Adoro filmes de dramas, filmes que nos transmitem alguma mensagem.

Tem algum em especial? Gosto muito do filme italiano Cinema Paradiso. É um clássico. Um filme poético com uma mensagem muito bonita, a trilha sonora é inspiradora. Vale a pena conferir.

Gosta de ler? Adoro leitura. Atualmente estou lendo Endurance, da escritora Caroline Alexander. O livro conta a real história de uma expedição à Antártida.

Em dezembro deste ano você completa 20 anos de trabalho como padre. Nesse período aconteceu alguma coisa que marcou? De bom ou ruim?

Algo que tenha ficado em sua memória. Há aproximadamente 16 anos aconteceu algo muito triste comigo. Eu era jovem, não tinha cinco anos de experiência. Na ocasião, trabalhava como padre da paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Cosmópolis. Meu telefone tocou na madrugada de uma sexta-feira, era por volta de uma, duas da manhã. Do outro lado da linha a voz de uma mulher pedia ajuda. A princípio dizia que seu marido estava muito mal. No mesmo instante peguei meu carro, um fusquinha velho que tinha, e me dirigi à casa da senhora, que morava na zona rural. Uma loucura. Hoje, jamais faria o mesmo, sair em um lugar desconhecido.

Mas você foi sozinho? Sozinho. No meio da noite. Se fosse hoje, também socorreria a mulher, mas certamente ligaria para a guarda municipal e pediria que eles me acompanhassem.

E quando chegou à residência, o que havia acontecido? Foi um horror. Praticamente fui testemunha de um assassinato.

Assassinato? Como assim? Foi briga de vizinhos que culminou numa morte. A esposa de um dos envolvidos ficou desesperada e no desespero decidiu me pedir ajuda.

E como você reagiu? Fiquei desesperado. Não sabia o que fazer. Não sabia como eu estaria envolvido na história. No outro dia procurei um advogado para me orientar. No final deu tudo certo. Foi um dia que ficou em minha mente. Muito forte e desagradável.

Realmente foi um momento marcante. Depois desse fato, muita coisa deve ter acontecido. E com o passar do tempo, também deve ter aprendido muita coisa. Você já parou para pensar, se caso não fosse padre, o que exerceria? Não. Nunca parei para pensar em outra profissão. É algo para vida inteira.

Você não pensa em deixar de exercer essa função um dia? De jeito nenhum. Eu tenho isso como uma missão. Uma missão para a vida inteira.

O que é preciso ter para ser padre? Primeiramente, você deve ter certeza que isso te fará feliz.

E o que é felicidade? É você estar de bem com a sua consciência.

Você tem medo? Sim. Tenho medo da insensatez do homem. O que a ganância pelo poder pode levar um homem cometer. Isso é algo que me assusta. Não consigo entender o que leva um ser a cometer tantos absurdos para alcançar ou manter-se no poder.

Para concluir nossa entrevista, gostaria que você nos passasse o significado da padroeira da cidade, Nossa Senhora das Dores, que comemoramos no próximo dia 15 de setembro. Em primeiro lugar é bom lembrar que seja Nossa Senhora das Dores, seja Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora de Fátima, são todas Maria. Olhar para Nossa Senhora das Dores é olhar para Maria. Uma mulher que foi escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus. Por isso ela é especial. Uma mãe que sofreu a dor do filho. Devemos olhar e conseguir identificar as tantas Marias que existem atualmente. As Marias que vêem seus filhos se perderem na violência e nas drogas. Que sofrem a dor da vida que seus filhos levam. Para mim é um dos modos significativos para se celebrar a festa de Nossa Senhora das Dores.



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