Rei Momo de Artur Nogueira tem 19 anos e muita animação
ENTREVISTA: João Vitor Candido de Brito é a realeza mais nova da história do carnaval de Artur Nogueira. Ao Portal Nogueriense ele se apresenta à cidade e fala do seu estilo de reinar: “Vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão”.
João Vitor Cândido de Brito é um rei tímido. No estúdio do Portal Nogueirense é possível notar olhos de um rapaz educado e que mede as palavras em nome do “nervosismo de nunca ter aparecido da mídia”. Aos 19 anos ele foi eleito Rei Momo da Corte da Folia do Carnaval 2016, quiçá o mais novo da história da festa, e diz em um tom ora animado ora envergonhado, por estar sendo fotografado, que promete não fazer por menos: “Vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão”.
O que nasceu de uma brincadeira com os amigos lhe rendeu o título ao reinado, coisa que o jovem vê com responsabilidade de adulto. “Tenho que estar lá todos os dias dentro do horário, que nos dias da Vaca começa às 17 horas e no dia dos desfiles às 19 horas, e não beber. Tudo tem suas regras e suas horas”, fala sobre as obrigações.
De família humilde, Brito é um apaixonado pelo carnaval de Artur Nogueira. Participa da festa “desde que se entende por gente” e há cinco anos entrou na bateria do bloco da Vaca. Em 2015 ainda desfilou pelo bloco Catapulta e este ano havia cogitado entrar no Bate Nah Massa, mas a realeza o chamou e o plano teve que ficar para a próxima. Solteiro, Brito também não descarta um novo amor na festa. “Se vier”, diz sobre a possibilidade com um sorriso no rosto, e ri.
Em um papo que aconteceu no estúdio do Portal Nogueirense ele se apresenta pra comunidade nogueirense e fala como recebeu o inesperado título de Rei Momo do carnaval 2016.
Quero saber a sua história. De onde você é? Eu nasci em Cosmópolis, dia 8 de abril de 1996, mas sempre morei em Artur Nogueira. Hoje estou no CDHU e vivo com meus pais e meus três irmãos, duas meninas, um menino e eu. Eu sou o mais novo [risos].
E onde você estudou? Na maior parte do tempo estudei no Caic, da primeira à quarta série, depois fui para o Severino, da quinta à oitava, e agora estou no Amaro. Este ano concluo o terceiro. Depois pretendo em estudar Publicidade e Propaganda. Mas quando terminar o Ensino Médio eu corro atrás.
Você trabalha? Sou Garçom. Mas estou desempregado, é só uns bicos que eu faço mesmo.
E como é que veio a ideia de participar do concurso de Rei Momo? Normalmente são pessoas mais velhas que disputam na categoria de Rei. E você foi uma surpresa no concurso… Foi através de uma brincadeira. Eu estava tocando na [bateria] da Vaca, conversando com o pessoal, havia visto no Nogueirense que as inscrições estavam abertas. Aí na brincadeira eu me inscrevi, até achei que não daria certo por causa da idade e do peso, tenho 86 quilos, mas do nada deu certo. Acabou acontecendo e hoje tamo aí como Rei Momo [risos].
Então foi tudo uma brincadeira? Me conta com detalhes… Eu cheguei e disse: “Vou me inscrever pra Rei Momo”. Aí o pessoal começou a falar: “Duvido! Duvido!” E na brincadeira de duvidarem acabei indo, né, e aconteceu.
Como foi sua preparação para o concurso? Treinei uns passinhos de samba, mas estava nervoso porque tinha concorrência. E pra mim, quem vencia era ‘o maior’, de peso, essas coisas… Mas posso dizer que me preparei muito.
Você já havia assistido o concurso alguma vez e tinha noção de como era? Eu havia assistido em 2013. Fui na Escola Modelo e vi. Achei legal, divertido, porque também é uma diversão, né, tem muito aprendizado na hora. É bacana.
Você se saiu bem nas provas. Acho que por ser mais novo também… É o pessoal era um pouco acima do peso. Eu tive facilidade por ter mais fôlego, essas coisas.
O Rei Momo é inspirado na mitologia grega, em que Momos era um personagem mitológico que personificava a ironia e o sarcasmo. No Brasil ele foi adaptado para o carnaval se tornando um ícone da festa. Qual é o seu estilo de ser Rei Momo? Vai ser uma novidade para todos, porque todo mundo é acostumado com os mais gordinhos. Então a gente vai tentar trazer uma evolução aí. Se eu não me engano na capital, em São Paulo, é eleito mister, essas coisas. Então vamos trazer esta evolução, mudar a história de Artur Nogueira, trazendo alegria pro povo. Prometo que vou bagunçar bastante em cima daquele caminhão com a rainha e as princesas.
O que sua família fala disso tudo? No começo duvidaram que eu iria participar. “Ah, mas não sabe fazer isso, não sabe fazer aquilo”, falavam. “Mas eu vou tentar” [diz enfático, imitando a forma com que respondeu à família]. Porque ganhar era só no dia para saber. E foi bem concorrido. Mas o pessoal apoiou, claro, família, amigos e vizinhos estavam lá na torcida.
Você é o rei momo mais jovem de todos os carnavais de Artur Nogueira. Como é carregar nos ombros esta marca histórica? Isso! Quando me falaram fiquei tipo, né, “poxa” [e balança a cabeça afirmativamente em tom de honra]. O pessoal passa por mim e brinca “Pô, esse Rei Momo vai ter que engordar muito ainda até o carnaval!” Tenho escutado essas coisas. Mas acho que até para Artur Nogueira é uma novidade por eu ser o mais novo. É um peso que a gente vai ter que carregar aí nessas quatro noites.
Então você é reconhecido nas ruas? Tem gente que olha, comenta, brinca, como eu disse. Mas ainda está recente. Quando chegar o carnaval é que vou sentir mesmo.
E o samba já está no pé? To treinando [risos]. No dia foi um pouco mais difícil. Estava muito nervoso. Mas no dia da festa sai alguma coisa.
Quais são suas obrigações como Rei Momo? Estar lá [no Carnaval] todos os dias dentro do horário, que nos dias da Vaca começa às 17 horas e no dia dos desfiles às 19 horas, e não beber. Tudo tem suas regras e suas horas.
No Rio de Janeiro a administração optou por escolher reis Momos mais magros como um forma de combater a obesidade. Você acha que isso foi uma medida tomada em Artur Nogueira também? Eu escutei boatos que essa coisa de obesidade [para o Rei Momo] já é muito antigo. O que se tem hoje é o bullying nas escolas contra os gordinhos. Acho então que se o concurso avaliar só a obesidade do candidato estará de certa forma apoiando bullying. Do tipo: só dá preferência para quem é gordo. E no caso se fosse a questão de gordo, poderia pesquisar quem é o mais gordo da cidade e dar a ele o título. Não precisaria nem de provas, essas coisas.
Você participa de algum bloco da Banda Louca? Eu toco no Bloco da Vaca há cinco anos e ano passado entrei no Catapulta. Esse ano eu entraria no Bate Nah Massa, mas como me tornei Rei Momo esse ano sou da Corte da Folia.
Tem algum favorito? Meio difícil falar, né. Este ano temos vários blocos novos então vamos ver a surpresa que cada um tem pra nos dar.
E qual sua expectativa pra esse carnaval? Que não falte alegria, simpatia e curtição nessas quatro noites juntos. Da minha parte quero levar alegria ao povo nogueirense e pro pessoal de fora que estará vindo também.
Ano passado o Bloco da Vaca ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial do estado. Como você avalia essa conquista? Vale ouro isso aí! Tem que ser sempre valorizado, sem deixar parar.
Agora me defina: O carnaval de Artur Nogueira é… O melhor! Não tem comparação! São 86 anos. Já virou história na cidade. Você vê aí muitos lugares cancelando as festas e Artur Nogueira seguindo com a tradição. E isso é bom porque tradição não pode morrer. Pra nós, nogueirenses, é uma honra ter o carnaval aqui. Além de que o carnaval movimenta a cidade, as barraquinhas, o comércio. As pessoas que criticam a festa também irão pular. Então é preciso ver de uma forma mais positiva.
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