Simulador em autoescolas pode fazer preço do curso aumentar
Medida será válida a partir do próximo ano e divide opiniões
Quézia Amorim
O simulador de direção será obrigatório, a partir do próximo ano, na programação de aulas dos Centros de Formação de Condutores (CFC) para a habilitação “B”. A decisão será regulamentada na próxima reunião do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), marcada para o dia 31 de outubro. A ideia é utilizar tecnologias de simulação e realidade virtual para o aprimoramento do processo de formação.
Atualmente, os simuladores de direção são usados em estudos e pesquisas sobre o comportamento do condutor, para desenvolvimento de novos veículos, treinamento de motoristas, aperfeiçoamento de condutores profissionais e entretenimento.
Nas autoescolas, a instalação do equipamento deverá estar em sala exclusiva com área mínima de 15 m² e equipada com meios de apoio ao instrutor, como assentos, mesa e monitor para a supervisão.
Opiniões de nogueirenses
Fábio Pfeiser é sócio-proprietário de uma autoescola em Artur Nogueira e afirma que não sabe até onde isso acarretará em melhorias para o trânsito. “Eles colocam novas leis no intuito de melhorar essa formação do condutor, o que eu não sou contra. Só que eu acho que às vezes falta um estudo para saber se isso é realmente viável de se fazer, porque, consequentemente, isso aumentará o preço da carta, e não se trata de um equipamento barato, deverá custar, em média, o preço de um carro. A grande falha do governo é a seguinte: eles focam sempre uma medida em cima da autoescola, que acarretará na responsabilidade do aluno pagar, em vez de trabalhar a educação no trânsito desde a infância da pessoa. Eu não sei se o investimento e o repasse desse valor serão tão interessantes a ponto de melhorar a formação do aluno. A parte que cabe a eles, que é melhoria de sinalização e educação para o trânsito, deixa muito a desejar. Nós não vamos conseguir diminuir esses índices drasticamente enquanto essa parte não for cumprida”, esclarece Pfeiser.
Amanda Barbosa, também proprietária de um centro de formação de condutores do município, diz que a medida não deveria ser apenas relacionada às autoescolas, e sim, às leis de educação e de trânsito. “O investimento será alto. Eu acho que vai encarecer o preço da carteira da habilitação. Se for para reduzir a quantidade de mortes relacionadas ao trânsito, é bom e válido, mas eu acho que não é só o simulador. Tem que entrar desde a lei de alfabetização, que é fraca no país. Uma pessoa saber ler e escrever e fazer uma prova com 30 questões e colocar um “X” é muito fácil, mesmo com a obrigatoriedade de todas as aulas. A questão é de impunidade. Primeiramente precisa mudar a educação e as leis no trânsito”, sugere Amanda.
Alexandre Lopes, sócio-proprietário de autoescola, diz que a medida é desnecessária. “É a mesma coisa que você falar para o aluno: vá para casa jogar videogame de carrinho. A diferença é que terá ao lado a presença de um instrutor ensinando você a jogar. Não ajuda em nada. Essas são leis que eles colocam que servem apenas para atrapalhar. É uma besteira, uma medida que não acrescentará nada”, afirma.
“Não é preciso! As pessoas precisam treinar a parte prática. A carta de habilitação já custa um absurdo de caro, vai ficar mais caro ainda. Pode até ajudar, mas não vejo muita necessidade”, diz a nogueirense Sara Colman.
“Eu acho interessante. Isso ajudaria mais as pessoas no trânsito, seria uma boa. Porém, vai de cada um, porque tem pessoas que pegam o carro e não tem noção nenhuma. Essa medida serviria para aquelas pessoas que não tiveram contato com carro de primeira”, explica a nogueirense Simone Teixeira.
Sobre a medida
A campanha faz parte do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes que o governo brasileiro lançou em 2011, como resposta a Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), que instituiu o período de 2011 a 2020 como a década para a redução das mortes no trânsito. O objetivo é diminuir pela metade o número de óbitos no trânsito no mundo.
Segundo o Ministério das Cidades, estudos feitos pelo governo norte-americano comprovaram que o uso do simulador de direção de carro pode reduzir pela metade o número de acidentes nos 24 primeiros meses após a retirada da habilitação.
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