Vítima de acidente em parque aquático de Artur Nogueira está tetraplégica
Denise Bezerra segue o tratamento em casa e está confiante em sua recuperação; Green Camp não quis se manifestar sobre o fato
Wagner Luan
O dia 1º de março de 2025 vai ficar marcado para sempre na vida do casal Denise da Silva Bezerra e Jonathan da Silva Reis Cardoso. O que era para ser um momento de lazer em família, terminou em uma tragédia que deixou marcas que podem ser irreversíveis. Tudo aconteceu quando eles estavam aproveitando um momento de alegria e descontração nas piscina do Parque Aquático Green Camp em Artur Nogueira. Enquanto estava no local, ela acabou atingida por uma estrutura metálica, o que lhe causou lesão na coluna, a deixando tetraplégica.
Depois de mais de 40 dias internada, ela recebeu alta e se recupera em casa com o apoio do esposo, familiares e amigos. Por conta do processo de recuperação, a família precisou se mudar de uma chácara para a casa da mãe de Denise, localizada no bairro Nosso Lar. O casal também teve que deixar de lado a padaria que haviam acabado de arrendar, para se dedicar ao tratamento.
Denise e o esposo, Jonathan da Silva Reis Cardoso, receberam a visita do Portal ON e compartilharam como tem sido a nova rotina após o acidente que mudou completamente suas vidas.
A vítima foi atingida na cabeça por uma estrutura montada para um evento no local. Com o impacto, sofreu fratura em duas vértebras da coluna, ficou internada por quase 40 dias e perdeu os movimentos do pescoço para baixo.
Ela conta que se lembra pouco do dia do acidente. “Eu lembro que a gente tinha acabado de chegar, fazia cerca de 30 minutos. Estávamos em uma mesa, mas decidimos mudar para ficar mais perto da banda. Todo mundo estava na água quando, de repente, tudo apagou. Tive um apagão — não lembro de mais nada naquele momento. Quando voltei a mim, meu marido já estava ao meu lado, me dizendo que eu havia sofrido um acidente, mas que era para eu ficar calma, que tudo ficaria bem. Depois disso, só tenho alguns flashes: lembro da ambulância e, em seguida, já estava na Unicamp.”
No hospital de referência, ela diz que só entendeu o que havia acontecido cerca de cinco ou seis dias depois, quando o médico explicou o trauma na coluna. “Quando acordei, já não conseguia movimentar nada. Foi quando entrei em desespero. É angustiante ver sua vida passar num instante pela cabeça. Saber que um dia antes eu estava andando, trabalhando, fazendo tudo normalmente… e no outro, estava em cima de uma cama, sem poder fazer nada.”
Jonathan, que estava ao lado da sogra no momento do diagnóstico, relembra com emoção: “Quando fomos chamados para vê-la, ela estava com os olhos entreabertos, quase não falava. Tentávamos conversar, mas ela mal reagia. O médico nos chamou de lado, ali mesmo, e disse: ‘O que vocês estão vendo hoje é o que provavelmente verão pelo resto da vida’. Explicou que ela havia fraturado duas vértebras cervicais e que havia a possibilidade de lesão na medula, mas ainda não era possível confirmar sem a tomografia. Naquele momento, bateu o desespero — tanto em mim quanto na mãe dela. Foi quando o médico disse com clareza: ‘Ela não vai voltar a andar. Só terá movimentos do pescoço para cima’. Aquilo foi devastador. Mas desde então, temos vivido um dia de cada vez.”
Após 40 dias internada, Denise recebeu alta. O casal decidiu se mudar da chácara onde viviam para a casa da mãe dela. “Saí do hospital com o quadro de tetraplegia, sem movimentos do pescoço para baixo. Como o acesso à chácara é mais difícil, decidimos vir para cá. Facilitou muito o tratamento e as visitas da fisioterapia”, explica Denise.
A mudança exigiu ajustes em toda a família. “Foi uma grande mudança. Tínhamos acabado de arrendar a padaria, e a irmã dela teve que sair do trabalho para ajudar a tocar. Meu irmão também veio ajudar, porque agora eu vivo 24 horas por ela. Enquanto ela estava no hospital, aprendi com os enfermeiros a cuidar dela. Hoje, faço tudo que posso. Agradeço à minha sogra, que cedeu o quarto para a Denise. Foi difícil, mas, graças a Deus, temos o apoio da família e dos amigos”, conta Jonathan.
Denise relata que os médicos deram de seis meses a um ano para avaliar seu quadro com mais precisão. “Disseram que, por enquanto, não vou mexer do pescoço para baixo. Mas estou fazendo fisioterapia e, daqui a um ano, eles vão avaliar se a medula desinchou, para ver se recupero os movimentos. O que posso fazer agora é me dedicar à fisioterapia e à reabilitação.”
Apesar de tudo, ela mantém a esperança. “Hoje, estou com a cabeça mais no lugar. Tenho muita fé em Deus e acredito que Ele vai fazer o melhor por mim. Tenho esperança de que vou voltar a andar. No começo, é muito difícil — dá vontade de chorar o tempo todo. Mas chorar ou entrar em depressão não resolve. Às vezes dá vontade de desistir, mas esse não é o meu caso. Vou continuar acreditando que Deus está no controle e que o melhor ainda vai acontecer.”
Jonathan também lamenta a postura do parque aquático após a alta hospitalar. “Enquanto ela estava internada, eles ajudavam com o pedágio e a gasolina. Mas depois que ela recebeu alta, pararam. Disseram que agora estávamos com auxílio jurídico e que tudo seria resolvido pela Justiça. Desde então, nunca mais mandaram uma mensagem ou telefonema, nada.”
Atualmente, os gastos mensais com a recuperação de Denise ultrapassam R$ 4 mil, entre cama hospitalar e profissionais de saúde. “A gente espera, no mínimo, justiça. Eu e ela conversamos todos os dias, e não é pelo dinheiro. A gente não quer dinheiro, a gente quer a recuperação dela. O mínimo seria ter empatia por parte deles.”
Green Camp
O Parque Aquático Green Camp foi procurado pela equipe de jornalismo do Portal ON, mas informou que não comentaria o caso pela imprensa.
Investigação Criminal
O caso foi registrado na delegacia da cidade e a Polícia Civil aguarda a chegada de laudos periciais feitos no dia do fato.
Fotos: Raquel Santana/Portal ON
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